São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2010

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Chicago ainda confia no filho Obama

Cidade onde presidente fez carreira política releva a derrota e tem esperança de que ele recupere popularidade

Estado elege senador e maioria dos deputados republicanos, mas dá vitória a governador do Partido Democrata

Yuri Gripas/Efe
Obama, após encontro com membros de seu governo em que discutiu resultados da eleição para Congresso e governadores

CRISTINA FIBE
ENVIADA ESPECIAL A CHICAGO

O massacre de republicanos sobre democratas nas eleições para a Câmara dos Representantes (deputados) e 37 governos, na terça, refletiu a perda de apoio ao presidente dos EUA, Barack Obama, por todo o país.
Em Chicago, porém, a maior parte dos moradores com quem a Folha conversou ontem ainda tem esperança de que Obama, que fez carreira política na cidade, recupere a popularidade e seja reeleito em 2012.
"Estamos decepcionados, de certa maneira, mas não a ponto de achar boa uma vitória republicana como essa", diz Michelle Hollidai, 37, que trabalha com arrecadação para ONGs.
Ela, que é negra, afirma que a cidade é muito dividida racialmente e que os negros querem que os democratas fiquem no poder para "implementar políticas favoráveis, que lhes deem oportunidades". "Os republicanos não farão isso".
Chicago é obamista, mas o Estado a que pertence, Illinois, é dividido.
Elegeu para a antiga vaga do presidente no Senado o republicano Mark Kirk, e deu ao partido oposicionista 11 das 19 vagas na Câmara.
Em compensação, o democrata Pat Quinn foi reeleito para o governo.
Para o chef de cozinha Victor Thornton, 45, o pior resultado dessas eleições é que "Obama não conseguirá fazer nada pelos próximos dois anos", porque a oposição tratará de barrar seus projetos.
Thornton, também negro e eleitor de Obama, diz não estar decepcionado com ele, mas "eles [outros moradores de Chicago], sim".
"Eles querem tudo agora, buscam gratificação imediata, acham que Obama ficou para trás. Mas ele precisa de quatro anos para cumprir suas promessas, talvez oito", afirma Thornton, antes de acrescentar que acredita na reeleição do democrata.


Chloe Kokkalas, 31, psicoterapeuta descendente de gregos, acha "muito triste" o que aconteceu nas eleições da última terça-feira.
Ela concorda que os apoiadores de Obama estavam ansiosos demais e acreditam que a mudança não veio de forma rápida suficiente. "Eles deveriam ter mais fé. Eu ainda tenho fé na reeleição dele".
Kokkalas, que é branca, diz que a derrota democrata não é culpa dele. "Obama está fazendo um bom trabalho, mas as dificuldades são inevitáveis, ele enfrenta problemas extraordinários".
Apesar de reconhecerem a existência do desapontamento dos eleitores, nenhum morador entrevistado pela Folha, ontem, se disse decepcionado. Contra Obama, apenas um eleitor que não o apoiou em 2008.
O consultor de computação Bob Wisniowicz, 59, afirma que "algumas pessoas mais à esquerda estão desapontadas, principalmente porque ele não fez uma campanha com a agenda progressista que provou ter no governo. As pessoas estão empolgadas para que os republicanos tomem conta da Câmara", afirma.


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