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AMÉRICA LATINA
Após morte de crianças por desnutrição, marcha pede alimentos a redes de supermercados de Buenos Aires
Manifestação de argentinos pede comida
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
Uma marcha de argentinos desempregados e aposentados atravessou ontem a cidade de Buenos
Aires pedindo 500 mil quilos de
comida. Os manifestantes partiram da periferia pela manhã e
chegaram à sede do governo, na
praça de Maio, no final da tarde.
Cerca de 4.000 pessoas percorreram a avenida Rivadavia, que os
argentinos chamam de "a maior
avenida do mundo". A avenida se
estende por 30 km na região metropolitana da capital, metade deles -o trecho que foi percorrido
pelos manifestantes- apenas na
cidade de Buenos Aires.
Os manifestantes entregaram
cartas às unidades de grandes redes de supermercados pedindo
que doassem alimentos a restaurantes populares e a associações
assistenciais. Os organizadores da
marcha, que contavam com apoio
de associações de comerciantes,
prometeram fazer nova manifestação para recolher as doações.
A marcha ocorre em meio à comoção causada no país pela morte de crianças por desnutrição
-somente em Tucumán, uma
das Províncias argentinas mais
pobres, foram 16 vítimas no último mês e meio.
O protesto foi também uma resposta política ao pré-candidato à
Presidência e ex-presidente Carlos Menem (1989-99), cujos partidários, supostamente, estariam
oferecendo dinheiro para que
grupos organizassem saques a supermercados e lojas no dia 20.
Nesta data, quando se completa
um ano das manifestações que
derrubaram o então presidente
Fernando de la Rúa, várias manifestações estão agendadas. Segundo os manifestantes, os partidários de Menem pretendem gerar
um clima de medo que seria favorável ao pré-candidato, que apresentou há duas semanas um plano de segurança que inclui a ação
do Exército no policiamento.
"Fizemos uma marcha pacífica
para mostrar que nenhum desempregado honesto irá fazer saques. Somos pobres e chamamos
todos os comerciantes para que
venham conosco em 20 de dezembro à praça de Maio", afirmava Raúl Castells, líder do Movimento Independente de Aposentados e Desempregados e um dos
organizadores da marcha.
Os protestos ocorreram em todo o país, e, como em Buenos Aires, os manifestantes organizaram piquetes e pediram que as
grandes redes de supermercados
doassem alimentos.
Na Província de Córdoba, a empresa de laticínios Sancor anunciou que entregará leite a 40 restaurantes populares, gratuitamente. Em Buenos Aires, a rede
de supermercados Coto disse que
doará 8.000 kg de alimentos.
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