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TECNOLOGIA
Segundo pesquisadores de Harvard, governo proíbe acesso a cerca de 19 mil sites que considera ameaçadores
China é o país que mais censura a internet, diz estudo
JOSEPH KAHN
DO "THE NEW YORK TIMES", EM XANGAI
A China é o país que impõe a
maior censura à internet, regularmente negando a seus usuários
acesso a cerca de 19 mil sites que o
governo vê como ameaçadores,
constatou um estudo feito por
pesquisadores da Escola de Direito de Harvard (EUA).
O estudo, que testou o acesso à
rede desde múltiplos locais na
China ao longo de seis meses,
constatou que Pequim bloqueia
milhares dos sites políticos, religiosos e de notícias mais acessados do mundo, além de alguns de
teor educativo e de entretenimento. De acordo com os pesquisadores, os censores às vezes punem
pessoas que procuram informações proibidas, dificultando temporariamente seu acesso a qualquer site da rede.
Os chineses não podem acessar
os sites da Anistia Internacional e
da Human Rights Watch, grupos
que defendem os direitos humanos. A China também não permite que seus cidadãos se conectem
com grandes sites religiosos ocidentais. Os de órgãos de imprensa
são frequentemente bloqueados.
Entre os sites que os usuários tiveram problemas em acessar durante o período de testes figuram
os do National Public Radio, dos
jornais "The Los Angeles Times"
e "The Washington Post" e da revista "Time", todos dos EUA.
Desafiando as previsões segundo as quais a internet é por sua
própria natureza diversificada e
maleável demais para poder ser
submetida a controle estatal, a
China vem negando à imensa
maioria de seus 46 milhões de internautas o acesso a informações
que ela teme que possam enfraquecer seu poder autoritário. Ao
mesmo tempo, Pequim permite
que seus cidadãos usem a rede para fins comerciais, culturais, educacionais ou de entretenimento,
que o governo vê como essenciais
numa era globalizada.
Apenas os internautas mais determinados conseguem desviar-se dos filtros. Para isso, correm
riscos pessoais consideráveis, segundo o estudo. "Se o objetivo da
filtragem é influenciar o que o internauta chinês mediano vê, o êxito pode estar perto", disse Jonathan Zittrain, professor da escola
de direito e co-autor do estudo.
Controle mais fácil
O estudo traz novas provas de
que a internet pode ser mais fácil
de controlar do que telefones, máquinas de fax ou o correio convencional. A China não pode monitorar cada telefonema, fax ou
carta. Mas a internet possui barreiras comuns. Todo o tráfego da
rede passa por roteadores que são
a espinha dorsal das telecomunicações. A China bloqueia o acesso
a muitos sites. Além disso, começou a fazer a filtragem seletiva de
conteúdo e a deletar links individuais ou sites específicos cujo
conteúdo é visto como ofensivo.
Os pesquisadores testaram regularmente o acesso a 200 mil endereços muito procurados na rede e descobriram que, em algum
momento ou outro do período de
seis meses coberto pelo estudo, a
China bloqueou o acesso a cerca
de 50 mil sites. Entre estes, foram
identificados 19 mil que não puderam ser acessados de diferentes
pontos na China em diferentes
dias. O estudo pode ser encontrado no endereço
http://cyber.law.harvard.edu/filtering/china.
Comparada com a Arábia Saudita, tema de uma análise anterior
feita pelos mesmos pesquisadores, a China exerce um controle
muito mais amplo, se bem que, às
vezes, mais superficial. Pequim
bloqueou por completo o acesso
aos sites mais importantes sobre o
Tibete e Taiwan. Um internauta
que digitasse ""China democracia"
no programa de buscas Google
veria que quase todos os sites
mais importantes com essas palavras estavam inacessíveis. O próprio Google foi bloqueado em setembro, mas já teve seu acesso
restaurado.
Pequim afirma que a principal
justificativa da censura é a proliferação da pornografia, mas seus
esforços para bloquear sites pornográficos são menos constantes.
O estudo constatou que a China
bloqueia menos de 15% dos sites
mais procurados de teor sexual
explícito. A Arábia Saudita impediu o acesso a 86% deles.
Tradução de Clara Allain
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