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ORIENTE MÉDIO
Powell se encontra hoje com negociadores do plano alternativo de paz, apesar da oposição israelense à iniciativa
Bush elogia acordo contestado por Israel
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, elogiou ontem o Acordo
Genebra -iniciativa alternativa
de paz para o conflito israelo-palestino-, apesar da oposição do
governo israelense. Porém ele deixou claro que continua comprometido com o plano de paz apoiado pelo governo americano.
No mesmo discurso, feito após
encontro com o rei Abdullah, da
Jordânia, na Casa Branca, Bush
fez críticas à barreira para separar
a Cisjordânia da faixa de Gaza e os
assentamentos judaicos ilegais
(estabelecidos è revelia do governo de Israel). Para o presidente
americano, o Acordo de Genebra
é um exercício útil. "Creio que [o
plano] seja produtivo desde que
eles [os formuladores da iniciativa] estejam de acordo com os
princípios dos EUA", disse.
Esses princípios, segundo o presidente, são: "Lutar contra o terrorismo, segurança e a emergência de um Estado palestino livre e
democrático". Bush acrescentou:
"Apreciamos que as pessoas discutam a paz. Apenas queremos
ter a certeza de que as pessoas entendem que os princípios para a
paz são claros".
"Os israelenses precisam ter em
mente que, se eles apóiam um Estado palestino -e eles me disseram que sim-, as condições nos
territórios precisam ser as necessárias para que um Estado palestino possa emergir. E é por isso que
nós continuamos conversando
com eles sobre os assentamentos
ilegais, assim como sobre a cerca
[barreira]", disse Bush.
As declarações do presidente
americano ocorreram em meio a
um mal-estar do governo israelense com o encontro de hoje do
secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, com os formuladores do Acordo de Genebra -o ex-ministro palestino Iasser Abed
Rabbo e o ex-ministro israelense
Yossi Beilin.
É possível que eles se reúnam
também com Paul Wolfowitz,
subsecretário da Defesa dos EUA
-um dos membros mais pró-Israel da administração Bush.
Israel se opõe ao Acordo de Genebra e se posicionou firmemente
contra o encontro de Powell com
os formuladores do plano.
Ontem Dore Gold, assessor do
premiê israelense, Ariel Sharon,
voltou a pedir que o encontro de
Powell com os arquitetos do acordo não seja realizado. A declaração foi feita antes do discurso de
Bush. "Está claro que apenas o governo democraticamente eleito
de Israel tem autoridade para negociar acordos com os palestinos." Gold acrescentou: "É nosso
desejo que países amigos ao redor
do mundo respeitem as escolhas
democráticas da população de Israel e não se intrometam na nossa
política doméstica".
Apesar da pressão israelense,
Powell voltou a dizer ontem que
se reunirá com Rabbo e Beilin.
"Eu me encontrarei com eles
amanhã", disse Powell.
O Acordo de Genebra prevê, entre outras coisas, a criação de um
Estado palestino na maior parte
da Cisjordânia e da faixa de Gaza,
o desmantelamento dos assentamentos judaicos, a abdicação do
direito de retorno dos refugiados
palestinos para o que hoje é o Estado de Israel e a divisão de Jerusalém, com a cidade sendo capital
dos dois países. Além do governo
israelense, os grupos terroristas
palestinos não concordam com o
Acordo de Genebra. Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, e o
premiê palestino, Ahmed Korei,
fizeram elogios ao acordo, mas
sem declarar apoio.
Trégua
Apesar das críticas do governo
israelense e dos grupos terroristas, o tom das declarações envolvendo Israel e os palestinos tem
sido bem menos belicoso nos últimos tempos, mesmo antes do
lançamento do Acordo de Genebra. Os principais resultados, por
enquanto, são a possível retomada do plano de paz e a trégua dos
grupos terroristas que está sendo
negociada no Cairo (Egito).
As negociações sobre o cessar-fogo começaram ontem. Hoje
Korei deverá estar presente para
negociar pessoalmente a trégua.
Autoridades israelenses afirmaram que o país poderá reduzir o
número de operações contra líderes dos grupos terroristas. Estes
dizem que a política israelense de
assassinatos seletivos foi uma das
causas do fracasso da trégua anterior, que vigorou apenas entre junho e agosto.
Expulsão
O Exército israelense expulsou
12 palestinos originários da Cisjordânia que estavam presos em
Israel para a faixa de Gaza. Eles
eram membros de grupos terroristas palestinos. Foi a segunda
expulsão desse tipo em duas semanas, apesar das condenações
de grupos de direitos humanos.
Para os palestinos, a expulsão é
mais grave do que a detenção.
Eles afirmam que Israel pratica a
política da transferência quando
expulsa alguém da Cisjordânia
para Gaza. Israel disse que expulsou palestinos porque eles colocariam em risco fontes de inteligência caso fossem julgados.
Com agências internacionais
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