São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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Colonos desalojados por Israel em Hebron atacam palestinos

Operação da polícia israelense cumpre ordem da Suprema Corte e evidencia a radicalização política dos moradores dos assentamentos na Cisjordânia

DA REDAÇÃO

Colonos israelenses entraram em confronto com a polícia e atacaram palestinos na Cisjordânia, durante operação das forças de segurança de Israel que os expulsou de uma casa que ocupavam ilegalmente em Hebron -cidade sagrada para judeus e muçulmanos.
Segundo o jornal israelense "Haaretz", a operação em Hebron deixou 35 colonos e policiais feridos, a maioria sem gravidade. Dezessete palestinos foram hospitalizados, cinco com ferimentos a bala. Os colonos incendiaram plantações, casas e carros de palestinos, que reagiram com pedradas.
À noite, o Exército israelense anunciou o fechamento de Hebron para impedir que moradores de outros assentamentos na Cisjordânia ocupada acorressem em apoio ao grupo de Hebron - onde vivem cerca de 650 colonos, ao lado de 160 mil palestinos.
O caso da chamada "casa da discórdia" -ou "casa da paz", segundo seus ex-ocupantes- se arrasta desde 2007 e evidencia a radicalização política dos colonos. Eles se opõem, em sua maioria, ao desmantelamento dos assentamentos em que vivem cerca de 300 mil israelenses na Cisjordânia -e que se tornaram um dos principais empecilhos à criação de um Estado palestino.
Em plena campanha para as eleições gerais de 10 de fevereiro em Israel, os ocupantes da casa tiveram o apoio de partidos da direita, como o ultra-ortodoxo Shas, que faz parte da atual coalizão de governo, e o Partido Nacional Religioso.

Propriedade
As hostilidades ontem começaram quando 500 agentes invadiram o prédio de cinco andares ocupado por colonos que dizem tê-lo comprado de um palestino. O dono, que negou a venda, recorreu à Justiça, e, no mês passado, a Suprema Corte israelense determinou a desocupação do prédio até que sua propriedade fosse estabelecida.
Nas últimas três semanas, o governo do premiê Ehud Olmert -que renunciou devido a acusações de corrupção, precipitando a convocação das eleições de fevereiro- vinha tentando negociar a desocupação pacífica do edifício. Mas os colonos, com ajuda de militantes vindos de Jerusalém e de outras partes da Cisjordânia, incrementaram suas ações, que incluíram a violação de cemitérios palestinos na região.
No momento da operação, havia cerca de 250 colonos em volta do prédio. Recebidos a pedradas, os policiais revidaram com cassetes e bombas de gás lacrimogêneo. Mas, numa ação cuja eficiência foi elogiada pelo ministro da Defesa, Ehud Barak, os agentes conseguiram tirar um por um os colonos do local em menos de uma hora. "O que foi testado hoje foi a capacidade do Estado de aplicar suas leis e sua essência a todos os cidadãos", disse Barak.
A operação enfureceu os apoiadores dos colonos. "Barak enviou o Exército e a polícia como parte da campanha eleitoral esquerdista e o sangue das vítimas está em suas mãos", disse Arieh Eldad, deputado do Partido Nacional Religioso.
O governador palestino de Nablus exigiu que os colonos sejam contidos e ameaçou exortar a população a revidar.
Os incidentes refletem o momento político em Israel.
Para analistas, setores religiosos e ultranacionalistas se sentem fortalecidos pelo fato de a sociedade israelense demonstrar crescente relutância em fazer concessões em troca da paz com os palestinos.
O favorito na disputa eleitoral é o ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, do partido direitista Likud, que defende um projeto de "paz econômica" com os palestinos, no lugar da criação de um Estado árabe ao lado de Israel.

Com agências internacionais



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