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Colonos desalojados por Israel em Hebron atacam palestinos
Operação da polícia israelense cumpre ordem da Suprema Corte e evidencia a radicalização política dos moradores dos assentamentos na Cisjordânia
DA REDAÇÃO
Colonos israelenses entraram em confronto com a polícia e atacaram palestinos na
Cisjordânia, durante operação
das forças de segurança de Israel que os expulsou de uma casa que ocupavam ilegalmente
em Hebron -cidade sagrada
para judeus e muçulmanos.
Segundo o jornal israelense
"Haaretz", a operação em Hebron deixou 35 colonos e policiais feridos, a maioria sem gravidade. Dezessete palestinos
foram hospitalizados, cinco
com ferimentos a bala. Os colonos incendiaram plantações,
casas e carros de palestinos,
que reagiram com pedradas.
À noite, o Exército israelense
anunciou o fechamento de Hebron para impedir que moradores de outros assentamentos
na Cisjordânia ocupada acorressem em apoio ao grupo de
Hebron - onde vivem cerca de
650 colonos, ao lado de 160 mil
palestinos.
O caso da chamada "casa da
discórdia" -ou "casa da paz",
segundo seus ex-ocupantes-
se arrasta desde 2007 e evidencia a radicalização política dos
colonos. Eles se opõem, em sua
maioria, ao desmantelamento
dos assentamentos em que vivem cerca de 300 mil israelenses na Cisjordânia -e que se
tornaram um dos principais
empecilhos à criação de um Estado palestino.
Em plena campanha para as
eleições gerais de 10 de fevereiro em Israel, os ocupantes da
casa tiveram o apoio de partidos da direita, como o ultra-ortodoxo Shas, que faz parte da
atual coalizão de governo, e o
Partido Nacional Religioso.
Propriedade
As hostilidades ontem começaram quando 500 agentes invadiram o prédio de cinco andares ocupado por colonos que
dizem tê-lo comprado de um
palestino. O dono, que negou a
venda, recorreu à Justiça, e, no
mês passado, a Suprema Corte
israelense determinou a desocupação do prédio até que sua
propriedade fosse estabelecida.
Nas últimas três semanas, o
governo do premiê Ehud Olmert -que renunciou devido a
acusações de corrupção, precipitando a convocação das eleições de fevereiro- vinha tentando negociar a desocupação
pacífica do edifício. Mas os colonos, com ajuda de militantes
vindos de Jerusalém e de outras partes da Cisjordânia, incrementaram suas ações, que
incluíram a violação de cemitérios palestinos na região.
No momento da operação,
havia cerca de 250 colonos em
volta do prédio. Recebidos a pedradas, os policiais revidaram
com cassetes e bombas de gás
lacrimogêneo. Mas, numa ação
cuja eficiência foi elogiada pelo
ministro da Defesa, Ehud Barak, os agentes conseguiram tirar um por um os colonos do local em menos de uma hora. "O
que foi testado hoje foi a capacidade do Estado de aplicar
suas leis e sua essência a todos
os cidadãos", disse Barak.
A operação enfureceu os
apoiadores dos colonos. "Barak
enviou o Exército e a polícia como parte da campanha eleitoral esquerdista e o sangue das
vítimas está em suas mãos",
disse Arieh Eldad, deputado do
Partido Nacional Religioso.
O governador palestino de
Nablus exigiu que os colonos
sejam contidos e ameaçou
exortar a população a revidar.
Os incidentes refletem o momento político em Israel.
Para analistas, setores religiosos e ultranacionalistas se
sentem fortalecidos pelo fato
de a sociedade israelense demonstrar crescente relutância
em fazer concessões em troca
da paz com os palestinos.
O favorito na disputa eleitoral é o ex-primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu, do partido direitista Likud, que defende um projeto de "paz econômica" com os palestinos, no lugar da criação de um Estado
árabe ao lado de Israel.
Com agências internacionais
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