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Fiel da balança, rei tailandês cala sobre crise
Alegando dor de garganta, monarca evita aguardado discurso anual; escolha de novo premiê é adiada
DA REDAÇÃO
O rei da Tailândia, Bhumibol
Adulyadej, não fez ontem seu
tradicional discurso de véspera
de aniversário. Uma infecção
na garganta frustrou políticos e
analistas, que esperavam dele
uma posição sobre a crise que
divide a monarquia parlamentarista e levou à queda de dois
premiês desde setembro.
Coroado em 1950 e reverenciado no país asiático quase como uma divindade, Bhumibol,
hoje 81, é o monarca há mais
tempo em um trono no mundo.
Ele já reinou sob 17 Constituições, viu 18 golpes de Estado
e intercedeu anteriormente em
disputas políticas -por isso,
era esperado que exortasse à
reconciliação a APD (Aliança
Popular pela Democracia, grupo de raiz urbana que orquestrou violentos protestos de rua
e a ocupação dos aeroportos de
Bancoc) e o atual governo, cuja
base de apoio é a massa rural.
Mas o discurso foi proferido
pelo príncipe Maha Vajiralongkorn, 56, e não incluiu política.
Sem votação
O silêncio do rei não impediu
articulações no Parlamento,
onde deputados dos três partidos governistas extintos pela
Justiça nesta semana sob acusação de compra de votos na
eleição geral de 2007 negociaram a formação de uma nova sigla para comandar a coalizão.
O processo pode demorar. O
presidente da Casa, Chai Chidchob, adiou a votação que escolherá o novo premiê, prevista
para segunda, alegando que a
medida "dará mais tempo para
a reconciliação nacional". Não
foi marcada nova data.
Até ontem, os nomes mais
cotados para o cargo eram os de
dois ministros do extinto PPP
(Partido do Poder Popular),
grupo político do ex-premiê
Thaksin Shinawatra. Deposto
no golpe militar de 2006, o milionário das telecomunicações
é o pivô da crise atual.
Opositores acusam o governo democraticamente eleito há
um ano de ser "fantoche" de
Thaksin e ameaçam retomar os
protestos se o próximo premiê
adotar linha política similar.
A APD, por sua vez, é vista
por analistas como uma coalizão formada pela elite urbana
para reverter a ascensão de um
governo cujas políticas basearam-se no assistencialismo e
privilegiaram as pauperizadas
zonas rurais do país.
Ontem, entidades de defesa
dos direitos humanos solicitaram uma investigação independente dos choques ocorridos
desde maio, que resultaram em
oito mortos e 737 feridos.
A Anistia Internacional e a
Human Rights Watch alertaram para o risco de novos episódios sangrentos se o governo
e a APD não resolverem suas
diferenças de forma pacífica.
Com agências internacionais
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