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Bush muda comando militar no Iraque
Substituição dos generais Casey e Abizaid faz parte de nova estratégia para o país, que prevê ainda o aumento de tropas
Comando diplomático também deve ser trocado, com ida de Khalilzad para posto na ONU; contingente em Bagdá será ampliado
MICHAEL GORDON
THOM SHANKER
DO "NEW YORK TIMES"
Em meio às mudanças de sua
estratégia para o Iraque, o presidente dos EUA, George W.
Bush, decidiu nomear o general
David Petraeus para comandar
as forças americanas no país.
Ele substituirá o general George Casey, e o almirante William
Fallon, hoje comandante das
forças do Pacífico, deverá ir para o lugar do general John Abizaid, no segundo posto da hierarquia da ocupação.
A meta da Casa Branca é introduzir mais cinco brigadas
em Bagdá e dois batalhões para
reforçar a operação na Província de Anbar, no oeste do país.
Na quinta-feira, Bush teve
uma videoconferência com o
premiê iraquiano, Nuri al Maliki, e com seus auxiliares imediatos na qual afirmou que deseja deixar clara a nova missão
e as formas de concretizá-la.
Auxiliares diretos de Bush
disseram que a escolha de Petraeus faz parte de um amplo
movimento de mudanças com
vistas à nova estratégia. "A
idéia é, por meio de novos comandantes, enviar um claro recado de que estamos mudando
nosso enfoque", disse um deles.
Entre outras mudanças,
Bush também nomeará para o
posto de embaixador americano na ONU Zalmay Khalilzad,
atual embaixador em Bagdá.
O almirante Fallon será o primeiro oficial da Marinha a
atuar no Comando Central, encarregado das operações no
Iraque e no Afeganistão. Sua
promoção também é vista como uma nova ênfase para enfrentar a ameaça do Irã, missão
que depende em muito das forças navais para enfatizar a influência americana no golfo.
Petraeus, até agora comandante das forças americanas
em Fort Leavenworth, Estado
de Kansas, é um dos autores do
novo manual de combate à insurgência e defensor do aumento do contingente no Iraque. Ele substitui o general Casey, cujo plano de redução dos
efetivos é visto como uma das
razões do incremento das operações da insurgência. Casey
também se opunha ao envio de
até 30 mil novos militares.
Mudança antecipada
Casey, em princípio, só deveria ser substituído dentro de
quatro ou seis meses. Mas o general John Abizaid demonstrou recentemente sua intenção de passar para a reserva.
A nova estratégia prevê o envio de duas brigadas (7.000 homens) a Bagdá, com uma terceira brigada estacionada no
Kuait para eventualmente entrar em ação. Não se trata propriamente de enviar mais soldados mas de manter no Iraque
militares que, em princípio, deveriam ser repatriados.
A convocação de até cinco
brigadas mais do que duplicaria
o número de combatentes
americanos na capital. Bagdá é
vista como uma vitrine no esforço de estabilização e a prova
de que a Casa Branca privilegia
como alvo a insurgência sunita.
O envio de dois batalhões a
Anbar (cada batalhão tem
1.200 homens) também significaria um recado aos sunitas.
Analistas acreditam que essa
escalada só será seguida de uma
redução do contingente americano caso os iraquianos cumpram a parte que lhes cabe -no
ano passado, eles não conseguiram aumentar seus combatentes nem conter a infiltração da
polícia pelos insurgentes.
O incremento das forças
americanas não será bem recebido pelo premiê Maliki. No encontro que ele teve com Bush
em novembro, na Jordânia, sua
proposta era outra: deslocar as
forças americanas para fora de
Bagdá, deixando com as tropas
do governo as operações na capital. Mas a idéia era suspeita,
já que o premiê, um xiita, estaria confundindo seu governo
com os objetivos próprios a sua
comunidade islâmica.
Bush e seus assessores crêem
que o atual plano só vingará se
forem tomadas medidas em favor da reconciliação e adotado
um programa de reconstrução
que produza novos empregos.
Na teleconferência de anteontem, Maliki falou sobre
seus esforços de reconciliação e
neutralização das milícias xiitas, tópico em que os americanos acreditam que ele tem sido
muito vagaroso. Bush também
disse a Maliki que ele tinha razão em pedir investigações sobre as circunstâncias vexatórias em que foi enforcado o ditador Saddam Hussein.
O general Petraeus foi um
dos comandantes da invasão de
2003, abrindo caminho para
Bagdá e depois se instalando
em Mossul, no norte- onde,
em sua base, mandou fixar um
cartaz dizendo: "precisamos
ganhar o apoio das pessoas".
Um general hoje na reserva,
Jack Keane, qualifica Petraeus
de "um comandante cheio de
imaginação" e que sabe combater as forças irregulares. Hoje
general de três estrelas, para
assumir o novo posto ele receberá sua quarta estrela.
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