São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Frota americana patrulha a Somália

Força-tarefa tenta impedir fuga pelo mar de militantes islâmicos, após sua derrota para os soldados da vizinha Etiópia

Número 2 da Al Qaeda incentiva ataques aos "escravos" dos EUA; força de paz africana pode permitir retirada de tropas etíopes

STEPHEN FIDLER E WILLIAM WALLIS
DO "FINANCIAL TIMES"

Uma força-tarefa naval liderada pelos Estados Unidos e posicionada ao largo da costa da Somália vem abordando navios, nos últimos dias, como parte dos esforços para impedir que militantes islâmicos fujam do país. A força-tarefa é parte de um esforço americano mais amplo para impedir que os combatentes islâmicos da Somália se transfiram a países vizinhos, depois de serem derrotados por forças da vizinha Etiópia, com apoio dos EUA.
O Quênia fechou oficialmente sua fronteira com a Somália, em um esforço para impedir a passagem dos militantes.
A região do Chifre da África é um antigo reduto de operações da Al Qaeda. Em mensagem divulgada ontem, o número dois da rede terrorista exortou os militantes do Conselho dos Tribunais Islâmicos -uma reunião de grupos que se opunham ao governo provisório reconhecido pela ONU e apoiado pelos EUA- a intensificar os ataques contra os etíopes.
Antes da ofensiva etíope, o Conselho controlava a maior parte do território da Somália, incluindo a capital, Mogadício.
"Vocês devem promover emboscadas, colocar minas, fazer ataques rápidos e campanhas de martírio para eliminá-los. Como no Iraque e no Afeganistão, onde a maior força do mundo foi derrotada pela campanha dos guerreiros, os seus escravos também serão derrotados nas terras muçulmanas da Somália", disse Ayman al Zawahiri.
A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, classificou a vitória militar etíope como uma "oportunidade histórica" para a Somália, em guerra civil desde o início dos anos 1990.
Os EUA também se declararam determinados a impedir que terroristas escapem às conseqüências da derrota militar. "Trabalharemos em estreito contato com os países da região para garantir que esses indivíduos não consigam atravessar as fronteiras e deixar a Somália", disse um porta-voz do Departamento de Estado.
Funcionários de governos europeus, africanos e do Oriente Médio discutem no Quênia o envio de uma força de paz para a região. Yoseri Museveni, presidente de Uganda, disse em entrevista em Adis Abeba concedida em companhia do primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, que seu país estava preparado para fornecer soldados à força de paz.
Zenawi pressionou pelo envio rápido da força de paz, considerado por diplomatas regionais e internacionais como essencial para fornecer à Etiópia uma estratégia de saída.
Funcionários etíopes disseram que os combates contra militantes islâmicos continuavam na ponta sul da Somália, perto da fronteira com o Quênia. Os navios norte-americanos estão operando em águas internacionais, ao largo da costa somali. Uma porta-voz do Comando Central dos EUA disse que, embora algumas abordagens tenham sido conduzidas, ela não podia confirmar a detenção de suspeitos.
Um funcionário do governo do Quênia declarou à agência France Presse, que quatro helicópteros etíopes, operando com base em informações fornecidas por satélites americanos, haviam atacado três veículos que possivelmente transportavam líderes islâmicos, perto da fronteira queniana.
Uma segunda força-tarefa norte-americana vem operando em Djibuti, país vizinho à Etiópia e à Somália, desde 2003, com mais de 1.500 soldados e civis, cujo objetivo é ajudar os países do Chifre da África a combater o terrorismo. A força forneceu assistência militar à Etiópia.
No entanto, uma porta-voz informou que o governo de transição somali, "internacionalmente reconhecido", não havia convidado forças dos Estados Unidos a operar em território do país, e que não havia soldados americanos em ação na Somália.


Com agências internacionais


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