São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Farc confirmam que o menino do DNA é Emmanuel

Em nota, guerrilha corrobora afirmação de Uribe de que garoto que seria libertado não estava mais em cativeiro

Grupo, que diz que o presidente colombiano "seqüestrou" o filho da refém Clara Rojas, promete libertar a mãe do menino

DA REDAÇÃO

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) confirmaram em nota na madrugada de ontem que o menino localizado em Bogotá é mesmo Emmanuel, filho da refém Clara Rojas e de um membro da guerrilha, que até o último mês se pensava detido na selva.
A confirmação chegou pouco após a Procuradoria Geral da Colômbia informar que resultados preliminares de exames de DNA indicam que um garoto de três anos e meio sob custódia do Estado desde 2005 é Emmanuel.
O menino, registrado como Juan David Gómez Tapiero, chegou a uma instituição social por meio de um homem que se dizia seu tio-avô, em San José del Guaviare (centro-sul), segundo informações coletadas pelo governo. Mais tarde o homem teria admitido que o menino "pertencia às Farc" e alegado que a guerrilha havia tentado recuperá-lo até o dia 30 de dezembro último.
De acordo com o comunicado das Farc, a criança "não poderia ficar no meio das operações bélicas do Plano Patriota [ofensiva do Exército colombiano] (...) Por isso, esse menino, de pai guerrilheiro, foi deixado em Bogotá sob os cuidados de pessoas honradas enquanto se firmava o acordo humanitário", diz o texto, datado de 2 de janeiro.
A guerrilha acusa o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de "seqüestrar" Emmanuel em Bogotá "com o infeliz propósito de sabotar a entrega" do menino, de sua mãe e da ex-congressista seqüestrada Consuelo Gonzáles ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
O anúncio, porém, confirma a tese de Uribe de que as Farc cancelaram a entrega dos três reféns, no último dia do ano passado, porque não tinham o menino em seu poder. A guerrilha havia prometido a liberação no mês passado como "ato de desagravo" a Chávez por seu trabalho como mediador, encerrado por Uribe em novembro. O presidente venezuelano anunciou o cancelamento da operação pelas Farc na última segunda-feira, supostamente devido a manobras militares colombianas.
Na nota, as Farc dizem ainda que pretendem libertar Clara Rojas e Consuelo Gonzáles e reiteram a exigência de que o governo desmilitarize dois municípios no sudoeste colombiano para negociar a troca humanitária de 45 seqüestrados por 500 guerrilheiros presos.

Bogotá
Segundo Luis Carlos Restrepo, alto comissário para a Paz do governo colombiano, já era esperado que as Farc culpassem Bogotá pelo episódio. "Reconhecem sua mentira, mas agora para eles o seqüestrador é o governo", ironizou, no jornal local "El Tiempo".
A família de Clara Rojas, seqüestrada em 2002, afirma que já deu início aos trâmites para pedir a custódia do menino.
O governo colombiano afirmou que Emmanuel "é hoje um menino feliz graças à ação do Estado, que o recebeu em condições lamentáveis".
A diretora do Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), Elvira Forero, afirmou em uma entrevista coletiva que o menino "foi resgatado da morte a o teriam submetido as Farc". Segundo ela, Emmanuel foi entregue pela guerrilha "em alto grau de desnutrição" e "com leishmaniose". Forero disse ao "El Tiempo" que a família de Clara Rojas poderá receber Emmanuel após um processo de duas semanas.


Com agências internacionais


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