São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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"Guerra ao terror" aumenta interesse de países ocidentais em mediar crise

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NAIRÓBI

O arcebispo anglicano e Prêmio Nobel sul-africano Desmond Tutu disse na quinta-feira que as cenas vistas nas ruas do Quênia, com destruição de casas e ataques à igrejas, "não fazem parte do Quênia que se conhece, aquele que é um dos modelos de desenvolvimento da África".
Tutu afirmou que foi ao Quênia tentar mediar a crise política após ver as cenas de crianças carbonizadas ao tentar se refugiar em uma igreja na cidade de Eldoret, a 300 quilômetros de Nairóbi, no dia 1º.
Negociadores enviados por diversos países ocidentais também chegaram ao Quênia para tentar ajudar o país a retornar à normalidade. Embaixadores e diplomatas dos EUA, Reino Unido e União Européia participaram ativamente nas conversas para evitar o acirramento dos conflitos no país.
Líderes como o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, e a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, telefonaram tanto para o presidente Mwai Kibaki quanto para o líder da oposição, Raila Odinga, 62. Entre as sugestões estavam a formação de um governo de coalizão.
O interesse desses países na estabilidade do Quênia pode ser explicado pela importância que o país tem na região. Tropas britânicas treinam no país, navios de guerra americanos ancoram com freqüência na costa queniana, e a proximidade com o Chifre da África tornaram o país estratégico na "luta contra o terrorismo" promovida pelos Estados Unidos.
Desde 2006, quando os Estados Unidos planejavam a criação do Africom, um comando militar específico para a África, o Quênia era contado como uma das principais sedes.
Segundo um diplomata europeu, o país do leste da África representa terreno fértil para a Al Qaeda, que teria atividades na vizinha Somália. "É preocupante a inflitração de agentes de grupos terroristas na população queniana", disse ele.
Em 1998, a Embaixada dos Estados Unidos em Nairóbi foi alvo de um atentado terrorista que deixou centenas de mortos. O planejamento do ataque foi atribuído ao então pouco conhecido Osama bin Laden.
O mesmo diplomata ressaltou que o Quênia também é visto como uma porta de entrada de drogas para o mercado europeu. "Todos estamos mais seguros se o Quênia estiver estável e com suas instituições democráticas organizadas", disse.


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