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"Guerra ao terror" aumenta interesse de países ocidentais em mediar crise
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE
NAIRÓBI
O arcebispo anglicano e Prêmio Nobel sul-africano Desmond Tutu disse na quinta-feira que as cenas vistas nas ruas
do Quênia, com destruição de
casas e ataques à igrejas, "não
fazem parte do Quênia que se
conhece, aquele que é um dos
modelos de desenvolvimento
da África".
Tutu afirmou que foi ao Quênia tentar mediar a crise política após ver as cenas de crianças
carbonizadas ao tentar se refugiar em uma igreja na cidade de
Eldoret, a 300 quilômetros de
Nairóbi, no dia 1º.
Negociadores enviados por
diversos países ocidentais também chegaram ao Quênia para
tentar ajudar o país a retornar à
normalidade. Embaixadores e
diplomatas dos EUA, Reino
Unido e União Européia participaram ativamente nas conversas para evitar o acirramento dos conflitos no país.
Líderes como o primeiro-ministro britânico, Gordon
Brown, e a secretária de Estado
norte-americana, Condoleezza
Rice, telefonaram tanto para o
presidente Mwai Kibaki quanto para o líder da oposição, Raila Odinga, 62. Entre as sugestões estavam a formação de um
governo de coalizão.
O interesse desses países na
estabilidade do Quênia pode
ser explicado pela importância
que o país tem na região. Tropas britânicas treinam no país,
navios de guerra americanos
ancoram com freqüência na
costa queniana, e a proximidade com o Chifre da África tornaram o país estratégico na "luta contra o terrorismo" promovida pelos Estados Unidos.
Desde 2006, quando os Estados Unidos planejavam a criação do Africom, um comando
militar específico para a África,
o Quênia era contado como
uma das principais sedes.
Segundo um diplomata europeu, o país do leste da África representa terreno fértil para a Al
Qaeda, que teria atividades na
vizinha Somália. "É preocupante a inflitração de agentes
de grupos terroristas na população queniana", disse ele.
Em 1998, a Embaixada dos
Estados Unidos em Nairóbi foi
alvo de um atentado terrorista
que deixou centenas de mortos.
O planejamento do ataque foi
atribuído ao então pouco conhecido Osama bin Laden.
O mesmo diplomata ressaltou que o Quênia também é visto como uma porta de entrada
de drogas para o mercado europeu. "Todos estamos mais seguros se o Quênia estiver estável e com suas instituições democráticas organizadas", disse.
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