São Paulo, terça-feira, 06 de janeiro de 2009

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Especialista em Orçamento comandará CIA

Ex-chefe-de-gabinete de Bill Clinton, Leon Panetta, 70, tem pouca experiência em temas de segurança

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

O presidente eleito Barack Obama fez ontem a delicada escolha de um nome para chefiar a CIA em seu governo, após meses de uma campanha eleitoral em que vociferou fortes críticas às práticas da agência de inteligência americana.
O indicado é o ex-congressista e ex-chefe-de-gabinete do presidente Bill Clinton (1993-2001) Leon Panetta, 70, conhecido por sua desenvoltura em temas de Orçamento, mas com pouca experiência prática no setor de segurança.
Se passar pela confirmação no cargo pelo Senado, Panetta passará a controlar o órgão do governo americano mais diretamente responsável por procurar líderes terroristas no planeta. Também ficará a cargo de uma agência acusada, inclusive por Obama, de torturar seus interrogados.
Panetta deverá se reportar diretamente ao general reformado e ex-líder do Comando do Pacífico Dennis Blair, membro do think-tank Council on Foreign Relations, cuja escolha para diretor de Inteligência Nacional ainda não foi anunciada oficialmente.
Panetta terá a pesada responsabilidade de restaurar a imagem da instituição no novo governo, após anos marcados pelo envolvimento nos erros de avaliação sobre a posse de armas de destruição em massa pelo ditador iraquiano Saddam Hussein (1979-2003). Também terá de lidar com restruturações orçamentárias.
Como a CIA tem reputação de reserva a diretores vindos de fora, especula-se que a escolha inesperada de Panetta tem relação com a vontade de impor maior distância a práticas permitidas no órgão durante o governo de George W. Bush, especialmente a de tortura em interrogatórios.
Uma das candidatas ao posto, a deputada Jane Herman, foi eliminada em parte por seu apoio inicial a outros programas polêmicos de Bush, como a autorização para escutas domésticas.
O próprio Obama tem histórico dúbio sobre o tema; ele votou no Senado para imunizar empresas telefônicas que faziam escutas para o governo sem autorização judicial, mas anos antes se mostrara contra os grampos.
A equipe de Obama justificou a indicação de Panetta destacando suas qualidades gerenciais, seu histórico bipartidário no Congresso, sua experiência em política externa na Casa Branca e serviços prestados ao Grupo de Estudos para o Iraque, grupo bipartidário que fez recomendações para as políticas de guerra.
Ele representou a Califórnia na Câmara dos Representantes de 1977 a 1993. Nos últimos quatro anos, chefiou a Comissão de Orçamento. Deixou a Casa para liderar o Departamento de Orçamento e Gestão de Clinton, e foi alçado a chefe-de-gabinete entre 1994 a 1997. Durante a experiência no Departamento de Orçamento, lidou com temas de inteligência.
O ex-deputado também serviu por seis anos no Conselho de Diretores da Bolsa de Valores de Nova York.

Vitória frágil
Ainda ontem, o democrata Al Franken foi declarado vencedor da eleição para o Senado em Minnesota, mais de dois meses após a votação. Ele venceu o republicano Norm Coleman por apenas 225 votos depois de várias recontagens.
Coleman disse que continuará contestando o resultado, alegando que algumas cédulas foram contadas duas vezes. Se ele for aos tribunais, a certificação de Franken será adiada e o assento continuará vago.
Caso a vitória seja confirmada, a base de Obama chegará a 59 das 100 cadeiras no Senado, uma a menos do que os três quintos que constituem a maioria qualificada na Casa.


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