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Especialista em Orçamento comandará CIA
Ex-chefe-de-gabinete de Bill Clinton, Leon Panetta, 70, tem pouca experiência em temas de segurança
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O presidente eleito Barack
Obama fez ontem a delicada escolha de um nome para chefiar
a CIA em seu governo, após
meses de uma campanha eleitoral em que vociferou fortes
críticas às práticas da agência
de inteligência americana.
O indicado é o ex-congressista e ex-chefe-de-gabinete do
presidente Bill Clinton (1993-2001) Leon Panetta, 70, conhecido por sua desenvoltura em
temas de Orçamento, mas com
pouca experiência prática no
setor de segurança.
Se passar pela confirmação
no cargo pelo Senado, Panetta
passará a controlar o órgão do
governo americano mais diretamente responsável por procurar líderes terroristas no planeta. Também ficará a cargo de
uma agência acusada, inclusive
por Obama, de torturar seus interrogados.
Panetta deverá se reportar
diretamente ao general reformado e ex-líder do Comando
do Pacífico Dennis Blair, membro do think-tank Council on
Foreign Relations, cuja escolha
para diretor de Inteligência Nacional ainda não foi anunciada
oficialmente.
Panetta terá a pesada responsabilidade de restaurar a
imagem da instituição no novo
governo, após anos marcados
pelo envolvimento nos erros de
avaliação sobre a posse de armas de destruição em massa
pelo ditador iraquiano Saddam
Hussein (1979-2003). Também
terá de lidar com restruturações orçamentárias.
Como a CIA tem reputação
de reserva a diretores vindos de
fora, especula-se que a escolha
inesperada de Panetta tem relação com a vontade de impor
maior distância a práticas permitidas no órgão durante o governo de George W. Bush, especialmente a de tortura em interrogatórios.
Uma das candidatas ao posto,
a deputada Jane Herman, foi
eliminada em parte por seu
apoio inicial a outros programas polêmicos de Bush, como a
autorização para escutas domésticas.
O próprio Obama tem histórico dúbio sobre o tema; ele votou no Senado para imunizar
empresas telefônicas que faziam escutas para o governo
sem autorização judicial, mas
anos antes se mostrara contra
os grampos.
A equipe de Obama justificou
a indicação de Panetta destacando suas qualidades gerenciais, seu histórico bipartidário
no Congresso, sua experiência
em política externa na Casa
Branca e serviços prestados ao
Grupo de Estudos para o Iraque, grupo bipartidário que fez
recomendações para as políticas de guerra.
Ele representou a Califórnia
na Câmara dos Representantes
de 1977 a 1993. Nos últimos
quatro anos, chefiou a Comissão de Orçamento. Deixou a
Casa para liderar o Departamento de Orçamento e Gestão
de Clinton, e foi alçado a chefe-de-gabinete entre 1994 a 1997.
Durante a experiência no Departamento de Orçamento, lidou com temas de inteligência.
O ex-deputado também serviu por seis anos no Conselho
de Diretores da Bolsa de Valores de Nova York.
Vitória frágil
Ainda ontem, o democrata Al
Franken foi declarado vencedor da eleição para o Senado
em Minnesota, mais de dois
meses após a votação. Ele venceu o republicano Norm Coleman por apenas 225 votos depois de várias recontagens.
Coleman disse que continuará contestando o resultado, alegando que algumas cédulas foram contadas duas vezes. Se ele
for aos tribunais, a certificação
de Franken será adiada e o assento continuará vago.
Caso a vitória seja confirmada, a base de Obama chegará a
59 das 100 cadeiras no Senado,
uma a menos do que os três
quintos que constituem a
maioria qualificada na Casa.
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