São Paulo, terça-feira, 06 de fevereiro de 2007

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Bush quer mais US$ 93 bi para guerras

Orçamento enviado ontem ao Congresso prevê gastos de US$ 2,9 trilhões; Defesa tem 11,3% a mais, com US$ 481 bi

Casa Branca pede aumento para Iraque e Afeganistão, que já tinham US$ 70 bi no atual Orçamento; oposição defende mudanças no plano

DA REDAÇÃO

No projeto de Orçamento que enviou ontem ao Congresso dos EUA, o presidente George W. Bush pediu US$ 93,4 bilhões suplementares para gastos no Iraque e no Afeganistão até o final de setembro.
Essa quantia se soma aos US$ 70 bilhões que o governo americano pretendia gastar durante o atual ano fiscal -de outubro de 2006 a setembro de 2007- nos dois conflitos.
Para 2008, ou a partir de outubro, segundo o calendário orçamentário nos Estados Unidos, aquilo que a Casa Branca chama de "guerra global ao terror", basicamente os conflitos no Iraque e Afeganistão, está orçado em US$ 142 bilhões.
Segundo um grupo de especialistas sobre o Iraque, citado pelo jornal britânico "The Guardian", a guerra naquele país, após gastos com substituição de armas e pensões a militares feridos ou familiares dos que foram mortos, terá totalizado US$ 2 trilhões.
O cálculo é um pouco menor quando se trata apenas da manutenção das tropas em solo afegão e iraquiano desde o início dos dois conflitos, respectivamente em outubro de 2001 e março de 2003. Na atividade são consumidos US$ 8 bilhões por mês, numa escalada que totalizará mais de US$ 500 bilhões até outubro.
Em dezembro de 2002, o responsável pelo Orçamento na Casa Branca, Mitch Daniels, afirmava que a Guerra do Iraque custaria aos contribuintes americanos US$ 61 bilhões, previsão semelhante à da Guerra do Golfo, em 1991.

Oposição democrata
Numa clara indicação de que o texto não será facilmente aprovado por um Congresso majoritariamente de oposição, o presidente da Comissão de Orçamento do Senado, o democrata Kent Conrad, disse ontem que se trata de algo "desconectado da realidade e que continua a levar os Estados Unidos numa direção equivocada".
Outro democrata, o deputado John Spratt, presidente da Comissão de Orçamento da Câmara, disse duvidar de que sua bancada aprove a proposta de Bush, que, segundo ele, também encontrará resistências entre os republicanos.
Bush, na defensiva, disse a repórteres acreditar que o Congresso não rejeitaria uma proposta que não aumenta impostos e prevê o equilíbrio fiscal dentro de alguns anos.
No Orçamento para o próximo ano fiscal, Bush prevê gastos de US$ 2,9 trilhões, com um Orçamento do Pentágono de US$ 481 bilhões, ou 11,3% a mais que em 2007.
O "Guardian" cita o especialista em despesas militares Steven Kosiak, para quem Bush põe a defesa em patamares existentes em meados dos anos 80, durante o governo de Ronald Reagan, quando o objetivo era quebrar a então União Soviética e conquistar a supremacia americana na Guerra Fria.
Apesar do aumento de 11,3%, no entanto, o Pentágono acredita estar desguarnecido com relação a ameaças da China, da Coréia do Norte e do Irã.
Pelos cálculos da agência Associated Press, o déficit orçamentário americano, caso o projeto seja aprovado em seus atuais contornos, tende a diminuir com relação a recorde de US$ 413 bilhões de 2004. Mas ele chegaria a zero apenas em 2012, três anos depois que Bush deixar a Casa Branca.
Para manter esse objetivo nas contas públicas, Bush pretende sacrificar US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos de 141 programas federais, como os de atendimento médico, hospitalização e auxílio aos americanos mais pobres. Os cortes atingem 43 milhões de pensionistas e portadores de deficiências físicas. Esse tipo de redução foi rejeitado pelo Congresso nos dois últimos anos.
Ainda com relação aos gastos domésticos, a previsão é de um aumento de apenas 1%, com o congelamento em gastos com educação (US$ 56 bilhões) e cortes em programas de proteção ao meio ambiente.
Para o atual ano fiscal, que termina em setembro, o déficit federal dos EUA será de US$ 244 bilhões.


Com agências internacionais


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