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Bush quer mais US$ 93 bi para guerras
Orçamento enviado ontem ao Congresso prevê gastos de US$ 2,9 trilhões; Defesa tem 11,3% a mais, com US$ 481 bi
Casa Branca pede aumento
para Iraque e Afeganistão,
que já tinham US$ 70 bi no
atual Orçamento; oposição
defende mudanças no plano
DA REDAÇÃO
No projeto de Orçamento
que enviou ontem ao Congresso dos EUA, o presidente George W. Bush pediu US$ 93,4 bilhões suplementares para gastos no Iraque e no Afeganistão
até o final de setembro.
Essa quantia se soma aos
US$ 70 bilhões que o governo
americano pretendia gastar durante o atual ano fiscal -de outubro de 2006 a setembro de
2007- nos dois conflitos.
Para 2008, ou a partir de outubro, segundo o calendário orçamentário nos Estados Unidos, aquilo que a Casa Branca
chama de "guerra global ao terror", basicamente os conflitos
no Iraque e Afeganistão, está
orçado em US$ 142 bilhões.
Segundo um grupo de especialistas sobre o Iraque, citado
pelo jornal britânico "The
Guardian", a guerra naquele
país, após gastos com substituição de armas e pensões a militares feridos ou familiares dos
que foram mortos, terá totalizado US$ 2 trilhões.
O cálculo é um pouco menor
quando se trata apenas da manutenção das tropas em solo
afegão e iraquiano desde o início dos dois conflitos, respectivamente em outubro de 2001 e
março de 2003. Na atividade
são consumidos US$ 8 bilhões
por mês, numa escalada que totalizará mais de US$ 500 bilhões até outubro.
Em dezembro de 2002, o responsável pelo Orçamento na
Casa Branca, Mitch Daniels,
afirmava que a Guerra do Iraque custaria aos contribuintes
americanos US$ 61 bilhões,
previsão semelhante à da Guerra do Golfo, em 1991.
Oposição democrata
Numa clara indicação de que
o texto não será facilmente
aprovado por um Congresso
majoritariamente de oposição,
o presidente da Comissão de
Orçamento do Senado, o democrata Kent Conrad, disse ontem que se trata de algo "desconectado da realidade e que continua a levar os Estados Unidos
numa direção equivocada".
Outro democrata, o deputado John Spratt, presidente da
Comissão de Orçamento da Câmara, disse duvidar de que sua
bancada aprove a proposta de
Bush, que, segundo ele, também encontrará resistências
entre os republicanos.
Bush, na defensiva, disse a
repórteres acreditar que o Congresso não rejeitaria uma proposta que não aumenta impostos e prevê o equilíbrio fiscal
dentro de alguns anos.
No Orçamento para o próximo ano fiscal, Bush prevê gastos de US$ 2,9 trilhões, com um
Orçamento do Pentágono de
US$ 481 bilhões, ou 11,3% a
mais que em 2007.
O "Guardian" cita o especialista em despesas militares Steven Kosiak, para quem Bush
põe a defesa em patamares
existentes em meados dos anos
80, durante o governo de Ronald Reagan, quando o objetivo
era quebrar a então União Soviética e conquistar a supremacia americana na Guerra Fria.
Apesar do aumento de 11,3%,
no entanto, o Pentágono acredita estar desguarnecido com
relação a ameaças da China, da
Coréia do Norte e do Irã.
Pelos cálculos da agência Associated Press, o déficit orçamentário americano, caso o
projeto seja aprovado em seus
atuais contornos, tende a diminuir com relação a recorde de
US$ 413 bilhões de 2004. Mas
ele chegaria a zero apenas em
2012, três anos depois que Bush
deixar a Casa Branca.
Para manter esse objetivo
nas contas públicas, Bush pretende sacrificar US$ 100 bilhões nos próximos cinco anos
de 141 programas federais, como os de atendimento médico,
hospitalização e auxílio aos
americanos mais pobres. Os
cortes atingem 43 milhões de
pensionistas e portadores de
deficiências físicas. Esse tipo de
redução foi rejeitado pelo Congresso nos dois últimos anos.
Ainda com relação aos gastos
domésticos, a previsão é de um
aumento de apenas 1%, com o
congelamento em gastos com
educação (US$ 56 bilhões) e
cortes em programas de proteção ao meio ambiente.
Para o atual ano fiscal, que
termina em setembro, o déficit
federal dos EUA será de US$
244 bilhões.
Com agências internacionais
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