São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2009

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Êxito de aliados nas urnas fortalece premiê do Iraque

Com 90% dos votos apurados, coalizão de Maliki lidera em 9 das 14 Províncias que votaram

Primeiro-ministro defende Estado laico e centralizado; vantagem faz dele favorito nas eleições de dezembro, e siglas religiosas recuam

DA REDAÇÃO

Com a divulgação dos primeiros números oficiais a partir de 90% dos votos apurados, o premiê iraquiano, Nuri al Maliki, a despeito de não ter se candidatado, desponta como o grande vencedor das eleições provinciais do último sábado.
A Coalizão para o Estado de Direito, encabeçada pelo Dawa, sigla da qual é líder, figura em primeiro lugar em 9 das 14 Províncias que votaram para Conselhos Provinciais. A Comissão Eleitoral divulgou os dados ontem. Não houve votação em quatro Províncias.
O resultado definitivo deve ser anunciado ainda neste mês, após uma revisão oficial a partir de pedidos de impugnação.
Os correligionários do premiê lideram tanto em Bagdá -com 29 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o grupo de oposição ligado ao clérigo xiita antiamericano Muqtada al Sadr- quanto em Basra, a segunda maior cidade iraquiana, onde estão 25 pontos à frente dos concorrentes.
Os resultados provinciais devem dar impulso a Maliki na eleição nacional, em dezembro. E representam uma mudança no perfil dos dirigentes iraquianos -com avanço de políticos laicos em território antes ocupado por lideranças religiosas.
A despeito de o Dawa ter surgido nos anos 50 com a meta de promover o papel do islã no Estado, em resposta ao então crescente nacionalismo secular árabe, Maliki sustentou na campanha a ideia de um Estado forte, laico e centralizado.
O xiita, eleito em 2005 em um pleito organizado com ajuda dos EUA, capitalizou a queda da violência sob seu governo e se vendeu como responsável pela redução da tensão sectária.
Já o Conselho Supremo Islâmico Iraquiano, que forma com o Dawa e duas legendas curdas pró-EUA a coalizão governista no Parlamento, perdeu espaço.
A sigla confessional, que defende um Estado nos moldes do Irã, era a mais expressiva entre os xiitas. Mas os resultados parciais indicam que não vencerá em nenhuma Província.
O discurso de Maliki também incomodou seus aliados curdos. Eles temem que o aumento do poder de um líder centralizador em Bagdá mine seu projeto de expansão do encrave semiautônomo no norte do país.
Ontem, a etnia minoritária foi alvo de atentado suicida, que deixou 14 mortos em Khanaqin (cidade próxima à fronteira com o Irã, numa Província de maioria sunita). Os curdos de lá tinham alegado que foram impedidos de votar no sábado.

Com agências internacionais


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