São Paulo, domingo, 06 de março de 2011

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Conversa em cidadezinha reflete mudança

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL
A DEHIBA (TUNÍSIA)

Fim de tarde em Dehiba, sonolenta cidadezinha tunisiana na fronteira com a Líbia. Sentados numa esquina, oito homens falam aos gritos e gesticulam.
Discutem política e parecem não se entender sobre nada. Passam dois outros homens. Dão palpites, riem.
Impensável até meses atrás, quando imperava a mordaça de Zine Ben Abidine Ali, a cena ilustra a metamorfose no mundo árabe. Por estar no primeiro país árabe a ter varrido um ditador e pela proximidade com a Líbia, Dehiba é um retrato em miniatura do momento.
O desempregado Fethi Baccouch, 46, descasca Ben Ali e saúda a revolta líbia contra Muammar Gaddafi. "São ditadores, gente má."
Mehdi Meliane, 71, diz ter sido expulso do Exército tunisiano em 1991 porque usava barba, símbolo dos grupos religiosos que Ben Ali abominava. "Dehiba estava cheia de informantes. Respiramos melhor agora."
O funcionário público Imed (que não quis revelar o sobrenome), 30, critica aos berros as revoltas. "Juro por Deus que a Tunísia ficará pior sem Ben Ali. E Gaddafi tem razão: se ele sair, a Al Qaeda irá tomar conta."
Ouafi Ali, 45, recorre a teorias da conspiração: "Os sionistas e americanos estão por trás desse caos".
O clima esquenta. Mehdi acusa Imed de ter sido membro do partido RCD, de Ben Ali. Imed diz que a filiação era compulsória para servidores. E rebate: "A democracia não serve para os árabes". Uns batem palmas, outros discordam. A discussão segue.

EGITO
Protestos reuniram milhares ontem e anteontem contra a Agência de Segurança do Egito, herança de Hosni Mubarak. Manifestantes invadiram seis prédios da agência, inclusive a sede, no Cairo.
Segundo eles, a intenção era evitar que destruíssem documentos sobre abusos.

Com agências de notícias


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