São Paulo, domingo, 06 de março de 2011

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Analistas temem que mísseis caiam nas mãos de terroristas

Armas desviadas podem ser usadas para destruir aviões civis

C. J. CHIVERS
DO "NEW YORK TIMES"

Analistas de segurança afirmam que o levante armado na Líbia acarreta uma ameaça de segurança em prazo mais longo: a de que mísseis antiaéreos -capazes de abater jatos de passageiros-, saqueados dos arsenais do governo, caiam nas mãos de terroristas.
Fotografias e vídeos do levante mostram civis carregando o SA-7, um míssil antiaéreo portátil, semelhante ao conhecido Stinger.
Exemplos passados de arsenais estatais saqueados por civis em Uganda (1979), Albânia (1997) e Iraque (2003) mostram que quando essas armas escapam ao controle de um Estado, podem ser vendidas no mercado negro rápida e discretamente.
Carregados e disparados por um só combatente, os mísseis atingem velocidade supersônica e são atraídos pelo calor da turbina de um avião; ao atingir o ponto de origem do calor, detonam uma carga de alto explosivo.
Muitos aviões militares modernos dispõem de contramedidas para confundir esse tipo de arma. Mas o mesmo não se aplica à vasta maioria dos aviões civis.
"O perigo de que mísseis como esses cheguem às mãos de terroristas e insurgentes fora da Líbia é muito real", disse Matthew Schroeder, diretor do Projeto de Monitoração de Vendas de Armas da Federação de Cientistas Americanos.
Nic Marsh, que pesquisa o comércio de armas portáteis para o Instituto de Pesquisa da Paz, em Oslo, Noruega, disse que as armas poderiam ser transferidas a destinatários no Chade, Sudão, Argélia e na região da Palestina.
Já houve diversos casos de ataques de extremistas com esse tipo de arma. Em 1979, um avião da Air Rhodesia foi abatido por um SA-7, matando 59 pessoas.
Um Boeing 737 da Angolan Airways, foi abatido de forma semelhante em 1983, matando 130. Em 1994, um jato que transportava os presidente de Ruanda e Burundi foi atingido por mísseis antiaéreos portáteis, matando os dois homens e deflagrando o genocídio de Ruanda.

ARMAS COMPLEXAS
Na imaginação popular, os mísseis antiaéreos são fáceis de usar e espantosamente confiáveis, mas muitos deles deixam a desejar em termos de funcionalidade.
A maioria requer certo grau de treinamento para montar e disparar, o que inclui noção de seu alcance máximo e mínimo e dos ângulos ideais de disparo.
Além disso, as armas podem apresentar defeitos ou deterioração e devem ser montadas com precisão.
Imagens da Líbia mostram homens portando mísseis só parcialmente montados. Eles podem parecer ameaçadores para um observador desatento, mas ao menos não representam ameaça a aviões.


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