São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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EUA e seus aliados questionam versão de regime sobre disparo

DA REDAÇÃO

A Coreia do Norte anunciou ter tido êxito completo no lançamento do foguete Taepodong-2 na noite de anteontem, com a entrada em órbita do satélite que o artefato carregaria. Os objetivos declarados pelo regime comunista e o relato de sucesso sobre o disparo foram questionados pelo Pentágono, pelo Japão e pela Coreia do Sul.
Especialistas ouvidos pelo "Financial Times" afirmam que ainda é cedo para categorizar o disparo como um fracassado lançamento de satélite ou como um exitoso teste de míssil. O jornal britânico diz que, com ou sem falha, a operação pode ter demonstrado a capacidade de Pyongyang de lançar um míssil balístico em um alvo a até 2.000 km de distância, a maior já alcançada pelo regime comunista, e deve servir para ampliar o poder de barganha do regime norte-coreano no Grupo dos Seis (EUA, Rússia, Japão, China e as duas Coreias), que negocia o desarmamento e a paz na península coreana.
A confirmação do lançamento, realizado às 23h20 de sábado pelo horário de Brasília, é um dos poucos pontos de consenso entre os norte-coreanos e os países opositores à empreitada do regime.
Pyongyang sustenta que, a despeito de integrar seu programa militar, o Taepodong-2 tem fins pacíficos. Segundo sua versão, o míssil, cuja capacidade, em tese, permitiria alcançar o Alasca (EUA), pôs em órbita o satélite Kwangmyongsong-2 nove minutos após o disparo.
A agência de notícias oficial do país, KCNA, apresentou detalhes como a estimativa da distância em que se encontra da Terra e o intervalo que o satélite leva para completar cada ciclo em torno do planeta (104 minutos). O satélite já estaria transmitindo informações e hinos patrióticos.
Não é o que dizem os americanos e seus aliados na região.
Para eles, a empreitada, na verdade, era um teste da tecnologia norte-coreana de mísseis de longo alcance. A preocupação aumenta porque a ditadura de Kim Jong-il tem um programa nuclear -segundo o governo, com fins pacíficos.
"Boa parte do mundo encarou [o lançamento] como um malsucedido esforço de provar que se caminha para a capacidade de disparar um artefato nuclear por meio de um míssil de longo alcance", escreveu o "New York Times".

Nada em órbita
O Comando Norte dos EUA registrou o disparo em nota oficial atestando que o artefato sobrevoou o arquipélago japonês e caiu no Pacífico. "Nenhum objeto entrou em órbita", sublinha a nota.
Na mesma linha foi o ministro sul-coreano da Defesa, Lee Sang-hee. Em audiência parlamentar sobre o foguete, ele atestou que todos os três estágios do Taepodong-2 aparentemente caíram no mar. Segundo especialistas em foguetes citado pelo "Times", para configurar sucesso no lançamento, o terceiro estágio deveria ter permanecido em órbita.
O Japão registrou que o primeiro estágio caiu entre o país e a península coreana e o restante do foguete no Pacífico.
Mas a indicação dos primeiros relatórios do escritório do premiê Taro Aso, de que nunca os norte-coreanos haviam impulsionado um foguete tão longe, refletem a preocupação.
A publicação ouviu o ex-dirigente do Pentágono titular do principal cargo da CIA para Ásia quando o Taepodong-2 foi testado em 2006. Para James Shinn, "foi uma jogada boa para atraírem atenção", principalmente de Washington.
De acordo com a KCNA, o ditador Kim Jong-il -cujo estado de saúde foi alvo de questionamentos na mídia ocidental no ano passado- compareceu ao lançamento. Segundo essa versão, ele conversou com cientistas e tirou fotos com eles.


Com agências internacionais


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