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EUA e seus aliados questionam versão de regime sobre disparo
DA REDAÇÃO
A Coreia do Norte anunciou
ter tido êxito completo no lançamento do foguete Taepodong-2 na noite de anteontem,
com a entrada em órbita do satélite que o artefato carregaria.
Os objetivos declarados pelo
regime comunista e o relato de
sucesso sobre o disparo foram
questionados pelo Pentágono,
pelo Japão e pela Coreia do Sul.
Especialistas ouvidos pelo
"Financial Times" afirmam
que ainda é cedo para categorizar o disparo como um fracassado lançamento de satélite ou
como um exitoso teste de míssil. O jornal britânico diz que,
com ou sem falha, a operação
pode ter demonstrado a capacidade de Pyongyang de lançar
um míssil balístico em um alvo
a até 2.000 km de distância, a
maior já alcançada pelo regime
comunista, e deve servir para
ampliar o poder de barganha do
regime norte-coreano no Grupo dos Seis (EUA, Rússia, Japão, China e as duas Coreias),
que negocia o desarmamento e
a paz na península coreana.
A confirmação do lançamento, realizado às 23h20 de sábado pelo horário de Brasília, é
um dos poucos pontos de consenso entre os norte-coreanos
e os países opositores à empreitada do regime.
Pyongyang sustenta que, a
despeito de integrar seu programa militar, o Taepodong-2
tem fins pacíficos. Segundo sua
versão, o míssil, cuja capacidade, em tese, permitiria alcançar
o Alasca (EUA), pôs em órbita o
satélite Kwangmyongsong-2
nove minutos após o disparo.
A agência de notícias oficial
do país, KCNA, apresentou detalhes como a estimativa da
distância em que se encontra
da Terra e o intervalo que o satélite leva para completar cada
ciclo em torno do planeta (104
minutos). O satélite já estaria
transmitindo informações e hinos patrióticos.
Não é o que dizem os americanos e seus aliados na região.
Para eles, a empreitada, na
verdade, era um teste da tecnologia norte-coreana de mísseis
de longo alcance. A preocupação aumenta porque a ditadura
de Kim Jong-il tem um programa nuclear -segundo o governo, com fins pacíficos.
"Boa parte do mundo encarou [o lançamento] como um
malsucedido esforço de provar
que se caminha para a capacidade de disparar um artefato
nuclear por meio de um míssil
de longo alcance", escreveu o
"New York Times".
Nada em órbita
O Comando Norte dos EUA
registrou o disparo em nota oficial atestando que o artefato sobrevoou o arquipélago japonês
e caiu no Pacífico. "Nenhum
objeto entrou em órbita", sublinha a nota.
Na mesma linha foi o ministro sul-coreano da Defesa, Lee
Sang-hee. Em audiência parlamentar sobre o foguete, ele
atestou que todos os três estágios do Taepodong-2 aparentemente caíram no mar. Segundo
especialistas em foguetes citado pelo "Times", para configurar sucesso no lançamento, o
terceiro estágio deveria ter permanecido em órbita.
O Japão registrou que o primeiro estágio caiu entre o país
e a península coreana e o restante do foguete no Pacífico.
Mas a indicação dos primeiros relatórios do escritório do
premiê Taro Aso, de que nunca
os norte-coreanos haviam impulsionado um foguete tão longe, refletem a preocupação.
A publicação ouviu o ex-dirigente do Pentágono titular do
principal cargo da CIA para
Ásia quando o Taepodong-2 foi
testado em 2006. Para James
Shinn, "foi uma jogada boa para
atraírem atenção", principalmente de Washington.
De acordo com a KCNA, o ditador Kim Jong-il -cujo estado
de saúde foi alvo de questionamentos na mídia ocidental no
ano passado- compareceu ao
lançamento. Segundo essa versão, ele conversou com cientistas e tirou fotos com eles.
Com agências internacionais
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