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Professor realizava sonho ao sair do Brasil pela primeira vez
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O professor Almir Olímpio
Alves, 42, deixou a cidade de
Moreno (região metropolitana
de Recife) -onde nasceu e foi
criado-, em setembro do ano
passado, quando foi para os
EUA fazer pós-doutorado em
matemática na Universidade
de Binghamton.
Filho de agricultores, ele se
comunicou pela última vez
com a mulher -a também professora Márcia Pereira Lins Alves, 36, com quem estava casado havia 17 anos- por um e-mail enviado na última quinta-feira, um dia antes de ser uma
das 13 vítimas do atirador que
atacou o prédio de uma organização de atendimento a imigrantes. O retorno de Alves ao
Brasil estava marcado para junho deste ano.
A irmã de Márcia, Mara Lins,
31, disse que ela, ao ver as notícias sobre o atentado na sexta-feira, ficou preocupada com a
possibilidade de o marido estar
entre as vítimas, mas se tranquilizou após saber que a Associação Cívica Americana, que
foi atacada, não ficava no mesmo bairro em que ele morava.
"Ela não sabia que ele fazia
aulas de inglês lá, pensava que
era em outro lugar", disse.
Na tarde de sábado, Márcia
foi à faculdade onde faz especialização em Matemática e
abriu o e-mail do marido, onde
ele dava instruções para a declaração do imposto de renda.
Logo depois, recebeu o telefonema da amiga e mulher do
orientador de Alves, informando-a da morte do marido. A comunicação oficial da morte foi
feita por uma ligação do consulado do Brasil em Nova York,
ontem à tarde.
Segundo Mara, Márcia e o filho Alan, de 16 anos, ficaram
muito abalados com a notícia.
Ela disse ainda que a irmã não
poderia atender a reportagem
pois tinha tomado medicamentos e estava descansando.
"Era a primeira vez que ele
saía do Brasil. Estava realizando um sonho. Estamos muito
tristes com isso tudo", disse
Mara.
De acordo com Luiz Alberto
Rodrigues, diretor do campus
de Nazaré da Mata (65 km de
Recife) da UPE (Universidade
de Pernambuco) -onde Alves
lecionava-, ele era muito dedicado, tranquilo e centrado no
trabalho. "Ele era conhecido
por ser muito exigente com os
alunos", afirmou.
Rodrigues disse ainda que a
universidade e a família do professor estão negociando o traslado do corpo com o governo
norte-americano, mas que só
hoje receberia informações
mais precisas.
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