São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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Professor realizava sonho ao sair do Brasil pela primeira vez

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O professor Almir Olímpio Alves, 42, deixou a cidade de Moreno (região metropolitana de Recife) -onde nasceu e foi criado-, em setembro do ano passado, quando foi para os EUA fazer pós-doutorado em matemática na Universidade de Binghamton.
Filho de agricultores, ele se comunicou pela última vez com a mulher -a também professora Márcia Pereira Lins Alves, 36, com quem estava casado havia 17 anos- por um e-mail enviado na última quinta-feira, um dia antes de ser uma das 13 vítimas do atirador que atacou o prédio de uma organização de atendimento a imigrantes. O retorno de Alves ao Brasil estava marcado para junho deste ano.
A irmã de Márcia, Mara Lins, 31, disse que ela, ao ver as notícias sobre o atentado na sexta-feira, ficou preocupada com a possibilidade de o marido estar entre as vítimas, mas se tranquilizou após saber que a Associação Cívica Americana, que foi atacada, não ficava no mesmo bairro em que ele morava.
"Ela não sabia que ele fazia aulas de inglês lá, pensava que era em outro lugar", disse.
Na tarde de sábado, Márcia foi à faculdade onde faz especialização em Matemática e abriu o e-mail do marido, onde ele dava instruções para a declaração do imposto de renda.
Logo depois, recebeu o telefonema da amiga e mulher do orientador de Alves, informando-a da morte do marido. A comunicação oficial da morte foi feita por uma ligação do consulado do Brasil em Nova York, ontem à tarde.
Segundo Mara, Márcia e o filho Alan, de 16 anos, ficaram muito abalados com a notícia. Ela disse ainda que a irmã não poderia atender a reportagem pois tinha tomado medicamentos e estava descansando.
"Era a primeira vez que ele saía do Brasil. Estava realizando um sonho. Estamos muito tristes com isso tudo", disse Mara.
De acordo com Luiz Alberto Rodrigues, diretor do campus de Nazaré da Mata (65 km de Recife) da UPE (Universidade de Pernambuco) -onde Alves lecionava-, ele era muito dedicado, tranquilo e centrado no trabalho. "Ele era conhecido por ser muito exigente com os alunos", afirmou.
Rodrigues disse ainda que a universidade e a família do professor estão negociando o traslado do corpo com o governo norte-americano, mas que só hoje receberia informações mais precisas.


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