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entrevista
"Compra não torna Caracas uma potência"
DA REDAÇÃO
O argentino Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp, afirma
que a compra de mais armas russas não faz da Venezuela uma potência militar e que o país não apresenta ameaça aos vizinhos.
(GABRIELA MANZINI)
FOLHA - O anúncio significa
uma mudança na Venezuela?
LUIS AYERBE - Há toda uma
programação de compra
de armas por parte da Venezuela, mas isso não vai
representar desequilíbrio.
A Venezuela não é o país
mais poderoso da região
em armamento. O que há é
uma postura de Chávez de
crescer militarmente.
FOLHA - Como o senhor avalia o impacto do anúncio?
AYERBE - A fronteira da
Venezuela com a Colômbia é uma área vista pelos
EUA como problemática
pela agenda de crime organizado, guerrilha. Então é
sensível. Mas, do lado brasileiro, não gera desconforto. Não é com US$ 5 bilhões que a Venezuela virará potência militar.
FOLHA - O interesse da Rússia
é puramente mercadológico?
AYERBE - A Rússia não é
mais uma potência da
Guerra Fria, com estratégia de presença global. Para a Rússia, a América Latina não é fundamental. O
que vejo é econômico. E a
Venezuela quis comprar
caças do Brasil, mas os
EUA proibiram. Daí a Venezuela compra da Rússia,
que vende ainda para o
Brasil e o Peru. Só que na
Venezuela o volume é alto.
FOLHA - Do ponto de vista da
Colômbia, há risco de reação?
AYERBE - A Colômbia tem
certamente uma posição
diferente da do Brasil, por
causa da fronteira. Certamente a compra de armas
pela Venezuela deve preocupar Bogotá.
FOLHA - E os EUA, podem reagir com investimentos?
AYERBE - Os EUA já fizeram seu aporte no ano
passado, com a expansão
das bases na Colômbia. Do
ponto de vista da Venezuela, a presença nas bases
da Colômbia é um fator de
risco, e esse argumento leva ao crescimento da capacidade militar.
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