São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2010

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entrevista

"Compra não torna Caracas uma potência"

DA REDAÇÃO

O argentino Luis Fernando Ayerbe, coordenador do Instituto de Estudos Econômicos Internacionais da Unesp, afirma que a compra de mais armas russas não faz da Venezuela uma potência militar e que o país não apresenta ameaça aos vizinhos. (GABRIELA MANZINI)

 

FOLHA - O anúncio significa uma mudança na Venezuela?
LUIS AYERBE - Há toda uma programação de compra de armas por parte da Venezuela, mas isso não vai representar desequilíbrio. A Venezuela não é o país mais poderoso da região em armamento. O que há é uma postura de Chávez de crescer militarmente.

FOLHA - Como o senhor avalia o impacto do anúncio?
AYERBE - A fronteira da Venezuela com a Colômbia é uma área vista pelos EUA como problemática pela agenda de crime organizado, guerrilha. Então é sensível. Mas, do lado brasileiro, não gera desconforto. Não é com US$ 5 bilhões que a Venezuela virará potência militar.

FOLHA - O interesse da Rússia é puramente mercadológico?
AYERBE - A Rússia não é mais uma potência da Guerra Fria, com estratégia de presença global. Para a Rússia, a América Latina não é fundamental. O que vejo é econômico. E a Venezuela quis comprar caças do Brasil, mas os EUA proibiram. Daí a Venezuela compra da Rússia, que vende ainda para o Brasil e o Peru. Só que na Venezuela o volume é alto.

FOLHA - Do ponto de vista da Colômbia, há risco de reação?
AYERBE - A Colômbia tem certamente uma posição diferente da do Brasil, por causa da fronteira. Certamente a compra de armas pela Venezuela deve preocupar Bogotá.

FOLHA - E os EUA, podem reagir com investimentos?
AYERBE - Os EUA já fizeram seu aporte no ano passado, com a expansão das bases na Colômbia. Do ponto de vista da Venezuela, a presença nas bases da Colômbia é um fator de risco, e esse argumento leva ao crescimento da capacidade militar.


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