São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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EUA

Renúncia de Porter Goss dá prosseguimento à reforma do gabinete do presidente Bush; substituto ainda não foi apontado

Sob pressão, diretor da CIA pede demissão

Scott Applewhite - 3.mar.2005/Associated Press
O ex-CIA Porter Goss, que renunciou ontem, acompanha Bush


LEILA SUWWAN
DE NOVA YORK

Com menos de dois anos de casa, o diretor da CIA (Agência Central de Inteligência), Porter Goss, 67, anunciou ontem seu pedido de demissão ao lado do presidente George W. Bush na Casa Branca. É a sétima mudança no alto escalão do governo, dentro da reforma de equipe promovida por Bush para revitalizar seu segundo mandato.
Nomeado durante a campanha de reeleição de Bush em 2004, Goss está no cargo desde setembro daquele ano. Foi escolhido para reestruturar a agência, fortemente criticada por falhas de inteligência ligadas ao 11 de Setembro e à desinformação sobre armas de destruição em massa que motivou a guerra e invasão do Iraque.
Agente da CIA e ex-parlamentar, Goss não explicou o motivo de sua saída e seu sucessor não foi nomeado. Segundo relatos ontem em Washington, Goss pode ter sido pressionado pelo diretor nacional de inteligência, John Negroponte, com aval da Casa Branca. Entre os cogitados para substituir Goss estão o conselheiro de Bush para segurança interna, Frances Fragos Townsend e o chefe-de-gabinete de Negroponto, David Shedd.
Recentemente, Goss pressionou por investigações internas contra o vazamento de informações. Há duas semanas demitiu um analista suspeito de liberar dados sobre uma rede de prisões secretas da CIA no Leste Europeu.
Com poucos meses no cargo, Goss também perdeu influência com a reorganização do sistema de inteligência aprovada no Congresso. A mudança abriu o cargo hoje ocupado por Negroponte, tirando a CIA da posição de destaque sobre as demais 16 agências de inteligência no país. Uma das responsabilidades retiradas há pouco mais de um ano é a dos briefings diários presidenciais, hoje a cargo de Negroponte.

"Queda livre"
A CIA também vinha enfrentando dificuldades com a perda de pessoal qualificado e incapacidade de atrair talentos para seus quadros. Segundo avaliação recente da deputada democrata Jane Harman, da comissão de inteligência do Congresso, "a CIA está em queda livre". Outros democratas celebraram a saída de Goss.
"O mandato de Porter na CIA foi de transição, na qual ele ajudou a agência e se integrar à comunidade de inteligência", disse Bush. "Ele elaborou um plano de cinco anos para aumentar o número de agentes e pessoal de operações, o que vai ajudar a fazer deste país um lugar mais seguro e nos ajudar com a guerra contra o terror", completou.
A mudança na equipe é a mais recente de uma série desencadeada pelo novo chefe-de-gabinete de Bush, Joshua Bolten. Além do próprio Bolten e da saída de Goss, Bush já trocou: o diretor de orçamento, o representante de comércio, o porta-voz da Casa Branca, o diretor de iniciativas baseadas em religião e o chefe-de-gabinete-adjunto para políticas internas.
Do troca-troca, foram mais marcantes a redução de responsabilidades do estrategista político Karl Rove e a escolha de um comentarista político da Fox News, Tony Snow, para comandar as relações com a imprensa.
Com a nova equipe, Bush espera melhorar sua imagem e popularidade em seus últimos dois anos na Casa Branca. Além disso, o Partido Republicano teme perder estatura nas eleições parlamentares deste ano, ameaçadas pelo baixo índice de aprovação de Bush, hoje por volta dos 30%.
Há especulações em Washington de que o secretário do Tesouro, John Snow, pode ser o próximo a deixar o cargo.

Com agências internacionais


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