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"EIXO DO MAL"
Chanceler esfria campanha dos EUA por sanções afirmando que só AIEA pode avaliar programa nuclear do país
Rússia reluta em considerar Irã ameaça
DA REDAÇÃO
O ministro russo das Relações
Exteriores, Serguei Lavrov, disse
ontem que seu governo ainda não
pode afirmar que o programa nuclear iraniano constitui uma
ameaça -referência ao suposto
projeto de construção de uma
bomba atômica- e que apenas
tomará uma decisão com base em
informações fornecidas pela
AIEA (Agência Internacional de
Energia Atômica), ligada à ONU.
Lavrov respondia a declarações
do chefe da diplomacia iraniana,
Manouchehr Mottaki, para quem
a Rússia e a China, dois dos cinco
membros permanentes do Conselho de Segurança, haviam-lhe
dado garantias de que se oporiam
a sanções ou a uma intervenção
militar contra seu país.
"Não fizemos tal afirmação",
disse Lavrov. A seu ver, "em se
tratando de algo tão sério e importante como a proliferação nuclear, só poderemos tomar decisões com base na opinião de especialistas". Segundo o ministro, "as
inspeções que foram feitas no Irã
não nos permite concluir que
aquele país possui a tecnologia
necessária para produzir armas
de destruição em massa".
Mas, ao mesmo tempo, também
disse, "essas inspeções tampouco
nos deixam tirar uma conclusão
em sentido oposto".
Os Estados Unidos, o Reino
Unido e a França, os outros membros permanentes do Conselho
de Segurança, já elaboraram um
projeto de resolução em que exortam o Irã a abandonar suas "ambições nucleares".
Reunidos nesta semana em Paris, os cinco países, aos quais se
juntou a Alemanha, não conseguiram chegar a um acordo sobre
a redação que a resolução teria. A
Rússia e a China se opõem a sanções econômicas, por acreditarem que no atual estágio elas seriam contraproducentes. Russos
e chineses também têm pesados
interesses econômicos no Irã.
O embaixador iraniano na
ONU, Javad Zarif, disse que o projeto de resolução dos ocidentais
era "lamentável", porque demonstra a intenção "de criar uma
crise num momento em que essa
crise não é necessária".
Enquanto isso, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,
voltou ontem a afirmar que seu
país manteria os planos de enriquecer urânio em escala industrial, para não depender de combustível de terceiros para suas
centrais termonucleares.
Ahmadinejad disse que seus adversários estão engajados numa
"guerra psicológica" e reafirmou
que o Irã não abriria mão do propósito de utilizar o átomo com finalidades civis e pacíficas.
Participando de uma conferência em Baku, capital do Azerbaijão, ele disse ainda que seu programa nuclear não contrariava as
leis internacionais e estava aberto
a inspeções.
A questão é, no entanto, mais
controvertida. A AIEA acusou o
Irã de ter desencadeado clandestinamente seu programa para o
enriquecimento de urânio e afirmou, em seu último relatório, que
há questões técnicas importantes
que o governo iraniano continua
a não responder.
Os Estados Unidos temem que
uma bomba atômica iraniana desestabilize o Oriente Médio e se
torne uma ameaça contra Israel.
Os termos conciliadores que o
presidente iraniano empregou
em Baku contrastam com a agressividade de um influente clérigo
xiita, Ahmad Khatami. "Aqueles
que nos confrontarem o lamentarão para sempre", afirmou.
A crise tem se acelerado desde o
início do ano, quando instalações
nucleares iranianas voltaram a
produzir combustível nuclear. A
agência da ONU pediu para que
essa produção fosse interrompida. O ultimato venceu no final de
abril. Diante de um comportamento em sentido oposto ao exigido, a AIEA encaminhou o caso
ao Conselho de Segurança.
Com agências internacionais
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