São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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ORIENTE MÉDIO

Recursos seriam repassados sem intermediação do governo do Hamas
UE propõe fundo de ajuda humanitária aos palestinos

DA REDAÇÃO

A União Européia propôs ontem que Estados Unidos, Rússia e ONU se unam para criar um fundo que canalize assistência humanitária para os palestinos, contornando o governo da Autoridade Nacional Palestina, liderado pelo grupo terrorista Hamas.
Maior fonte de ajuda aos palestinos, a UE preparou um pacote de emergência de 34 milhões (R$ 89 milhões) para educação e assistência médica que, segundo a proposta, seria canalizado por meio do fundo.
O fundo seria administrado conjuntamente por UE, EUA, Rússia e ONU, que fazem parte do Quarteto que apóia o "Mapa do caminho" (plano de paz), afirmou a comissária de Relações Externas da UE, Benita Ferrero-Waldner. A proposta deve ser examinada em reunião na próxima semana.
Segundo ela, o fundo permitiria que a comunidade internacional continuasse evitando um contato direto com o Hamas, sem deixar de assegurar a chegada de ajuda para os palestinos.
Os EUA e a UE cortaram toda a ajuda direta à ANP após a vitória do Hamas nas eleições de janeiro. Israel também cancelou os repasses de impostos coletados em nome da ANP.
Os cortes são uma medida de pressão para que o grupo terrorista, que prega a destruição de Israel, renuncie à violência. O Hamas se recusa a atender.
"Não queremos que esse governo [do Hamas] fracasse. Queremos que ele mude", disse Ferrero-Waldner.
O governo palestino tem alertado que sua economia pode entrar em colapso caso seja mantida a suspensão do envio de recursos, usados, entre outros fins, para cobrir a folha de pagamento de cerca de 165 mil funcionários.
Ontem, milhares de palestinos protestaram na faixa de Gaza e na Cisjordânia em apoio ao governo do Hamas, sob o lema "antes morrer de fome que colocar-se de joelhos".
"Cairão as cabeças de quem quer fazer cair o governo", disse Hassen al Seifi, um dos líderes do Hamas na faixa de Gaza.
De acordo com a UE, cerca de 109 milhões (R$ 285 milhões) em ajuda direta, comprometidos em cerca de 34 contratos com a ANP, foram congelados.
Ao todo, a ajuda da UE soma 500 milhões (R$ 1,3 bilhão) anuais, dos quais metade vem do orçamento do bloco.
Já as transferências suspensas por Israel somam cerca de US$ 50 milhões (R$ 102 milhões) por mês.

Crise humanitária
Ontem, a Arábia Saudita, o Egito e a Jordânia disseram que irão pressionar o Quarteto para encontrar formas de enviar recursos aos palestinos, evitando o que chamaram de uma iminente "crise humanitária".
"É importante que a assistência aos palestinos continue. Não podemos puni-los. Não se pode avançar se as pessoas estão enfrentando uma horrível situação humanitária", afirmou o embaixador egípcio em Washington, Nabil Fahmy.
O Departamento de Estado reagiu, afirmando que o Hamas é o único responsável pelos problemas financeiros palestinos.
"O princípio para nós continua o mesmo. Queremos lidar com as necessidades humanitárias do povo palestino, mas não vamos dar dinheiro a uma organização terrorista", afirmou o porta-voz Sean McCormack.


Com agências internacionais

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