São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Em Paris, debate sobre eleição está em cafés e metrô

DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Um grupo de quatro trabalhadores na construção civil entrou um pouco antes do meio-dia de sexta num bar chamado "À L'Angle" (na esquina), no 8º distrito de Paris. Todos pediram cafezinho.
"Assim não dá. Vocês viram o documentário da TF1 sobre aquele desempregado que recebe pensões há 22 anos e nunca trabalhou na vida dele?"
A discussão só estava começando. Quem puxou a conversa era eleitor de Nicolas Sarkozy. Outro companheiro de trabalho tinha a mesma opinião. Só um terceiro, eleitor de Ségolène Royal, insistia que, se há abusos, a candidata socialista corrigiria, e que a eliminação do seguro-desemprego colocaria muita gente na miséria.
Foi um dos inúmeros e discretos episódios que fazem da sucessão do presidente Jacques Chirac um assunto público de paixões. Dez minutos depois, já dentro de um vagão do metrô, entre as estações Concorde e Châtelet, 12 passageiros estavam sentados nos bancos posteriores. Três liam livros. E quatro estavam com jornais abertos nas páginas de política interna, com reportagens sobre a disputa eleitoral.

Gosto pelo trabalho
Alain, 50, é balconista de um bistrô próximo à praça da Bastilha. Votará em Sarkozy, porque "é preciso que a França volte a tomar gosto pelo trabalho". Argumenta que só assim ela se recuperará do atraso com relação aos demais países da União Européia e desestimulará o assistencialismo dos que se beneficiam de pensões do Estado.
Nicolas, 48, é pequeno empresário. Tem uma consultoria de produtos farmacêuticos. "Voto em Sarkozy porque com ele a minha empresa ficará mais protegida." Diz saber que Ségolène não é contra os empresários ou contra o capitalismo. Mas afirma que, dentro das opções, "as duas social-democratas", o candidato conservador é mesmo assim o melhor.
Christine, 45, caixa de um supermercado, vota em Ségolène Royal. "O programa dela é o melhor para quem ganha menos e quer subir na vida."

Sangue frio
Ao seu lado, uma colega sua de trabalho, Isabelle, 48, discorda com um sorriso debochado. "Ela não tem a maturidade emocional e o sangue frio para ser presidente. Perdeu o controle de si mesma no debate contra Sarkozy de quarta-feira." Ela vai de Nicolas Sarkozy, opção eleitoral que já era a sua desde o primeiro turno.
Arlette, 61, é consultora do departamento de prevenção aos acidentes rodoviários. E eleitora de Ségolène, "porque não há melhor opção".
Qualifica a candidata de superficial e pouco sincera. Mas votará nela porque é a representante socialista na disputa à Presidência. Sylvain, 24, é estudante e auxiliar de escritório de uma revendedora de cosméticos. Votou no primeiro turno em François Bayrou, candidato que se apresentou como de centro e ficou em terceiro lugar. "Eu não gosto muito dessas polarizações." E agora está indeciso.
Ao seu lado, Martine, 43. Como o voto é facultativo e ela não gosta de política, acabou mais uma vez não se inscrevendo nas listas eleitorais.
(JBN)


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