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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Presidente diz que busca no Iraque vai mostrar que o arsenal foi escondido; "Post" afirma que Cheney pressionou CIA

Bush promete "a verdade" sobre armas

Luke Frazza/France Presse
Bush beija soldado em Qatar, onde agradeceu esforço no Iraque


DA REDAÇÃO

O presidente americano, George W. Bush, prometeu ontem "mostrar a verdade" sobre as armas de destruição em massa iraquianas. O suposto arsenal serviu de justificativa para a guerra, mas, passados dois meses e meio da invasão do Iraque pela coalizão anglo-americana, não foi achado.
Apesar de algumas dúvidas e acusações levantadas nos EUA, Bush não tem sofrido a mesma pressão que recaiu sobre seu aliado na guerra, o premiê britânico Tony Blair. No Reino Unido, parlamentares do governo e da oposição, bem como a imprensa, têm feito críticas constantes ao premiê e à sua decisão de ir à guerra. Duas CPIs foram abertas.
"Estamos à procura [das armas]. Vamos mostrar a verdade", disse Bush a soldados americanos em uma base em Qatar, indicando, no entanto, que a busca seria longa. "[O ex-ditador Saddam Hussein] passou décadas escondendo seus instrumentos de destruição em massa... Vocês sabem, melhor que eu, que ele tinha um país grande para escondê-las."
Ontem, uma rádio iraquiana sob controle dos EUA fez um apelo aos iraquianos para que qualquer pessoa com informações sobre as armas se apresente, oferecendo uma recompensa não especificada. "Aqueles que participaram do desenvolvimento, da manutenção ou da compra de armas de destruição em massa deverão fornecer informações às forças da coalizão", dizia o anúncio.
Bush também falou sobre a situação de segurança no Iraque e agradeceu aos soldados por "fazerem do país um lugar mais seguro", dizendo que o comandante da operação iraquiana, general Tommy Franks, o informara sobre a "situação cada vez mais estável na maior parte do país".
O Qatar foi o último país a ser visitado por Bush em um giro de seis dias pelo Oriente Médio. Antes de voltar para os EUA, o avião presidencial, o Força Aérea Um, sobrevoou o Iraque durante uma hora, escoltado por seis caças.

Pressão
Ontem, o jornal "The Washington Post" afirmou que o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, fez várias visitas à CIA (serviço secreto americano) durante o ano passado para interrogar os analistas que estudavam a questão das armas iraquianas.
O "Post" citou funcionários da CIA afirmando que, pressionados pela atitude de Cheney, se sentiram obrigados a "satisfazer os objetivos políticos de Bush". O vice-presidente foi um dos mais eloquentes defensores da guerra.
Ainda que não sejam inéditas, visitas do vice-presidente à CIA são bastante incomuns. O gabinete de Cheney não se pronunciou.
Ontem, o principal senador republicano abaixo do líder governista na casa, Mitch McConnell, chamou de "precipitados" os pedidos de abertura de uma CPI que investigue a questão nos EUA. "Acredito que não haja necessidade para isso agora", disse.

Com agências internacionais


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