UOL


São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TERROR

Atentado atribuído a separatistas rebeldes foi o terceiro na região em menos de um mês; Duma vota hoje anistia parcial

Mulher-bomba mata 17 perto da Tchetchênia

DA REDAÇÃO

Uma terrorista suicida detonou ontem uma carga de explosivos próximo a um ônibus que levava soldados e civis para o trabalho numa pista de pouso militar perto da Tchetchênia, matando ao menos 17 pessoas. Esse foi o terceiro ataque do gênero no Cáucaso russo em menos de um mês.
O atentado aconteceu na véspera de uma votação no Parlamento russo sobre uma anistia parcial para guerrilheiros rebeldes, com o objetivo de melhorar as perspectivas de um plano de paz do governo russo.
O ataque de ontem aconteceu nos arredores da cidade de Mozdok, na região russa da Ossétia do Norte, próximo à fronteira com a república separatista da Tchetchênia. Oito militares, entre eles quatro oficiais da Força Aérea, estavam entre os mortos. Além disso, havia nove feridos, dois deles em condições graves.
Segundo testemunhas, a mulher-bomba tentou subir no ônibus, que havia parado para recolher passageiros, mas não conseguiu e acabou se detonando ao lado do veículo.
Nenhum grupo assumiu o atentado, mas o governo russo considerou-o uma obra dos grupos rebeldes. Dois outros atentados na região no mês passado, que mataram ao todo mais de 75 pessoas, foram assumidos pelo líder rebelde tchetcheno Shamil Basayev.

Reeleição
O atentado de ontem é mais um revés para o presidente russo, Vladimir Putin, que tenta reduzir as tensões na região de olho nas eleições do ano que vem, quando tentará se reeleger. Putin havia sido eleito presidente em 2000 graças à popularidade obtida com uma ofensiva militar contra os rebeldes tchetchenos quando ocupava o cargo de primeiro-ministro e a Presidência interina.
A Tchetchênia se autoproclamou independente em 1991, após o colapso da União Soviética, mas a Rússia ainda a considera parte de seu território.
Após o primeiro conflito na região, entre 1994 e 1996, as Forças Armadas da Rússia deixaram a Tchetchênia humilhadas. O segundo conflito na região entre rebeldes independentistas e soldados russos teve início em outubro de 1999 e já matou milhares de militares russos e dezenas de milhares de tchetchenos, boa parte deles civis.
Após organizar um referendo em março, contestado pelos rebeldes separatistas, no qual mais de 90% dos tchetchenos teriam votado pela manutenção da república vinculada à Rússia, Putin tenta agora impulsionar um plano de paz para acabar com a violência na região.
Como parte do plano, a Duma (a Câmara Baixa do Parlamento russo) deve votar hoje um projeto de anistia parcial para os rebeldes. Organizações de direitos humanos e líderes rebeldes, porém, criticam as limitações da anistia oferecida, dizendo que ela exclui os rebeldes mais radicais, mas beneficia os militares russos suspeitos de abusos na região.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Religião: João Paulo 2º inicia a centésima viagem como papa
Próximo Texto: Itália: Aliados de Berlusconi aprovam projeto de lei que lhe dá imunidade
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.