São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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CÚPULA GLOBAL

Democracia russa descarrilou, diz Bush

Na véspera de encontro entre os dois líderes no G8, presidente dos EUA diz que Rússia não é inimiga, mas critica Moscou

Troca de farpas cresceu nos últimos meses por conta de projeto dos EUA e piorou após Putin ameaçar voltar mísseis para alvos na Europa

DA REDAÇÃO

O presidente americano, George W. Bush, soltou uma frase bastante dura contra o presidente russo, Vladimir Putin, durante conferência que fez em Praga a dissidentes e militantes de movimentos democráticos de 17 países.
"Na Rússia, provocaram o descarrilamento das reformas que prometiam dar o poder ao povo, com conseqüências perturbadoras para a evolução da democracia", afirmou.
Em entrevista no sábado, Putin havia desqualificado a democracia nos EUA, afirmando que aquele país havia gerado "horror, tortura, sem-tetos e [a prisão de] Guantánamo".
Bush e Putin estarão juntos a partir de hoje no encontro do G8 na cidade alemã de Heiligendamm. A troca de acusações reflete o ponto a que chegaram as relações bilaterais.
Horas antes de sua conferência, no entanto, Bush foi bem mais amistoso para com o presidente russo. Disse que, ao encontrá-lo, o chamaria pelo prenome, Vladimir, e voltaria a dizer que o sistema antimísseis que o Pentágono planeja instalar na República Tcheca e na Polônia procura deter um possível ataque do Irã e não tem como alvo as instalações militares russas.
"A Rússia não é nossa inimiga", afirmou. "A Guerra Fria acabou." Os tchecos, disse, podem ser ao mesmo tempo amigos dos EUA e da Rússia. Disse ainda que convidaria Putin a enviar seus cientistas e generais para se assegurarem de que o escudo antimísseis não era voltado contra eles.
Foi até mais longe. Convidou o próprio Putin a participar da construção do escudo, e disse que a questão seria abordada a portas fechadas, quando proximamente o presidente russo visitar os Estados Unidos e se hospedar numa casa de campo pertencente à família Bush.
Putin havia há dias ameaçado mirar seus mísseis nucleares em alvos na Europa, em resposta ao projeto americano.
Mencionar o "descarrilamento" da democracia russa e afagar Putin são gestos contraditórios. Mas o "New York Times" disse que os dois pronunciamentos do presidente americano foram ponderados pela Casa Branca para enviar uma mensagem "calibrada e firme".
Na conferência de Praga, Bush também criticou a China. "Os governantes chineses acreditam que podem continuar a abrir a economia do país sem abrir o sistema político. Discordamos disso."


Com agências internacionais


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