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Resort prova a crise do Leste alemão
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis prédios impecavelmente brancos compõem
o luxuoso Kempinski
Grande Hotel, em Heiligendamm, que hospeda os
chefes de Estado do G8.
Seu spa possui 4.000 m2
com vários tipos de saunas
e quantidade de empregados incomum na Europa.
Inaugurado em 2003,
onde existiu um aristocrático balneário aberto em
1793 que recebia a nobreza alemã, foi parcialmente
demolido pelos comunistas nos anos 50.
Mas o resort recebe
poucos turistas, apesar de
manter promoções em
boa parte do ano, com diárias aquém de seu luxo.
O Grande Hotel não
promoveu nenhum boom
imobiliário ao seu redor.
Isolado, é ideal para um
evento à prova de manifestantes. Mas comprova a
crise do Leste alemão.
A reportagem da Folha
esteve em Rostock e Heiligendamm em abril, a convite do governo alemão.
Estão no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia
Ocidental, o mais pobre do
país, onde nasceu a chanceler Angela Merkel.
Ao contrário de Dresden ou Leipzig, que se tornaram motores do Leste, a
região continua estagnada. "Vivemos uma fuga de
cérebros permanente e
faltam políticas para estimular o crescimento", diz
o professor da escola de
negócios da Universidade
de Rostock, Gerald Braun.
Rostock, a cidade mais
próxima do balneário, está
a 25 km. Apesar de renovada pelos milhões de
marcos investidos na reunificação das Alemanhas,
Rostock não pára de encolher. Tinha 250 mil habitantes em 1989, hoje só
198 mil. O desemprego na
cidade é de 21% (na ex-Alemanha Ocidental é de
8%, na Oriental é 18%).
"A população envelhece
e a economia continua
mal. O Oeste precisa continuar alimentando o Leste", disse à Folha o editor
da revista "Die Zeit",
Christoph Dieckmann.
Faltam mulheres
Cerca de 3 milhões de
jovens do Leste já partiram e hoje a antiga Alemanha Oriental tem apenas
16 milhões de habitantes.
Para cada cem homens de
entre 25 e 30 anos há apenas 80 mulheres da mesma idade no Leste. O fenômeno é explicado pelo
maior número de mulheres com formação universitária que homens.
Depois de cinco anos de
estagnação econômica, a
Alemanha cresceu 2,2%
no ano passado, número
que deve ser superado
neste ano. Dos 3,8 milhões
de desempregados do país,
quase metade está no Leste, ainda que a população
seja quatro vezes menor.
Por enquanto, a recuperação só acontece no Oeste.
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