São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Resort prova a crise do Leste alemão

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis prédios impecavelmente brancos compõem o luxuoso Kempinski Grande Hotel, em Heiligendamm, que hospeda os chefes de Estado do G8. Seu spa possui 4.000 m2 com vários tipos de saunas e quantidade de empregados incomum na Europa.
Inaugurado em 2003, onde existiu um aristocrático balneário aberto em 1793 que recebia a nobreza alemã, foi parcialmente demolido pelos comunistas nos anos 50.
Mas o resort recebe poucos turistas, apesar de manter promoções em boa parte do ano, com diárias aquém de seu luxo.
O Grande Hotel não promoveu nenhum boom imobiliário ao seu redor. Isolado, é ideal para um evento à prova de manifestantes. Mas comprova a crise do Leste alemão.
A reportagem da Folha esteve em Rostock e Heiligendamm em abril, a convite do governo alemão. Estão no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, o mais pobre do país, onde nasceu a chanceler Angela Merkel.
Ao contrário de Dresden ou Leipzig, que se tornaram motores do Leste, a região continua estagnada. "Vivemos uma fuga de cérebros permanente e faltam políticas para estimular o crescimento", diz o professor da escola de negócios da Universidade de Rostock, Gerald Braun.
Rostock, a cidade mais próxima do balneário, está a 25 km. Apesar de renovada pelos milhões de marcos investidos na reunificação das Alemanhas, Rostock não pára de encolher. Tinha 250 mil habitantes em 1989, hoje só 198 mil. O desemprego na cidade é de 21% (na ex-Alemanha Ocidental é de 8%, na Oriental é 18%).
"A população envelhece e a economia continua mal. O Oeste precisa continuar alimentando o Leste", disse à Folha o editor da revista "Die Zeit", Christoph Dieckmann.

Faltam mulheres
Cerca de 3 milhões de jovens do Leste já partiram e hoje a antiga Alemanha Oriental tem apenas 16 milhões de habitantes. Para cada cem homens de entre 25 e 30 anos há apenas 80 mulheres da mesma idade no Leste. O fenômeno é explicado pelo maior número de mulheres com formação universitária que homens.
Depois de cinco anos de estagnação econômica, a Alemanha cresceu 2,2% no ano passado, número que deve ser superado neste ano. Dos 3,8 milhões de desempregados do país, quase metade está no Leste, ainda que a população seja quatro vezes menor. Por enquanto, a recuperação só acontece no Oeste.


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