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Conservadores dos EUA criticam Obama por "desculpas" a islã
Discurso no Cairo é visto por adversários do presidente americano como "perigoso" e "excessivamente humilde"
Maioria da mídia, porém, elogia a fala; "New York Times" diz que é preciso presidente "forte" para reconhecer erros do passado
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Recebido positivamente por
boa parte da imprensa dos
EUA, o discurso de anteontem
do presidente Barack Obama
ao mundo muçulmano rendeu
também fortes críticas da ala
conservadora americana. O setor vociferou que a fala enfraqueceu o país, é perigosa e excessivamente humilde.
A direita argumenta que
Obama passa tempo demais se
desculpando. Um dos trechos
mais comentados em TVs, rádios e blogs conservadores foi o
momento em que ele afirmou
que, após o 11 de Setembro, a
raiva "levou os EUA a agir às vezes contrariamente a suas tradições e ideais".
"É algo muito sério quando
um presidente americano diz
que os EUA abandonaram seus
ideais. E fazer isso em solo estrangeiro para mim é um desserviço", afirmou Liz Cheney,
filha do ex-vice-presidente
Dick Cheney. Em périplo por
canais de TV, ela criticou severamente o que chamou de "relativismo moral" de Obama e
sua condenação do Holocausto
mas também do sofrimento dos
palestinos. "A vida dos palestinos sob a ocupação é difícil,
mas não tem absolutamente
nenhuma semelhança com os
horrores do Holocausto."
O ponto reverberou mal também entre americanos pró-Israel, insatisfeitos ainda com as
posições sobre o Irã -de admitir que o país tem direito de
manter um programa nuclear
civil- e sobre os assentamentos judaicos na Cisjordânia
-exigindo seu congelamento.
"O discurso foi horrível",
afirmou o radialista conservador Mark Levin. "Por que Obama quis atacar seu próprio país,
desconsiderar Israel -nosso
único aliado real na região- e
destruir os militares que estão
lutando por nossa liberdade e
esperança no Oriente Médio?"
Marc Thiessen, autor de discursos para o ex-presidente
George W. Bush, concordou e
disse ao canal Fox que Obama
não deveria nunca criticar as
Forças Armadas e a CIA em solo estrangeiro. "Ao dizer que
comprometemos nossos princípios, ele jogou o Exército e a
inteligência na frente de um
ônibus no meio de uma plateia
de muçulmanos."
Apesar da grita, a reação ao
discurso respeitou divisões
partidárias e ideológicas nos
EUA, o que minimiza o impacto
dos ataques a Obama.
"As vozes à direita que criticaram o discurso estão muito
limitadas hoje, com poucos seguidores", afirmou à Folha Robert Erikson, analista de política americana e opinião pública
da Universidade Columbia.
"Obama vai se beneficiar com a
cobertura que o discurso teve
na imprensa em geral."
Bom exemplo é editorial do
"New York Times", que classificou as críticas sobre a Obama
como "uma interpretação totalmente errada do que ele está
dizendo". "Depois de oito anos
de arrogância que deixaram até
amigos próximos contra os
EUA, é preciso um presidente
forte para reconhecer os erros
do passado e para pressionar a
si e ao mundo para fazerem
melhor agora."
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