São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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Crise derruba socialistas em Portugal

Eleição dá vitória a partido de direita, cujo líder, Pedro Passos Coelho, deverá ser próximo primeiro-ministro

Portugal negocia um pacote com FMI e UE; premiê José Sócrates anuncia que vai deixar a liderança socialista

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

A crise econômica derrubou outro governo e deu vitória a mais um partido de direita na Europa.
Desta vez foi em Portugal, onde o Partido Socialista, que estava no poder desde 2005, obteve sua pior votação em 20 anos.
Faltando contar apenas as urnas do exterior, o PS obteve 28,05% dos votos. Deve cair de 97 para 74 deputados.
Em 2005, quando José Sócrates assumiu pela primeira vez o cargo de premiê, o partido teve 45%.
O ganhador foi o PSD (Partido Social Democrata), que apesar do nome é considerado de direita no país por defender uma menor participação do Estado na economia e redução das políticas de bem-estar social.
O próximo primeiro-ministro português será Pedro Passos Coelho, um economista de 46 anos.
Com 38,63% dos votos e 108 deputados, o PSD terá de fazer acordos para obter a maioria absoluta no Parlamento, que tem 230 cadeiras.
O mais provável é que se alie ao CDS, também de direita, que obteve 11,74% dos votos e é a terceira força política no país.
O líder do CDS, Paulo Portas, disse durante a semana que poderia aceitar um acordo, sem participação no governo. Mas, ontem, já discutia a divisão do ministério.
A posse de Passos Coelho deve ocorrer no final do mês ou no início de julho.
Como dizem os portugueses, ele não terá muito tempo de comemorar a vitória.
O país tem uma série de prazos e compromissos a cumprir com a "Troika" (FMI, o Banco Central Europeu e a União Europeia), que concedeu empréstimo de €78 bilhões (R$ 122 bi) em troca de mais austeridade.
O novo governo terá de reduzir o número de funcionários, cortar a aposentadoria dos que ganham mais de 1.500 por mês, elevar impostos e privatizar companhias como a TAP (aérea).
Ciente da tarefa, e com recado direcionado aos mercados, que têm castigado Portugal ao exigir juros cada vez mais altos para emprestar dinheiro, Passos Coelho afirmou: "A mensagem que deixo ao exterior é que não deixaremos de cumprir todas as nossas obrigações."
Sobre o Brasil, ele repetiu em entrevista após a vitória o que havia declarado à Folha na sexta-feira: que quer ampliar as relações com o país e com os africanos.

MAIS DERROTAS
Além do PS, os partidos mais à esquerda (o Comunista Português e o Bloco de Esquerda) também perderam cadeiras no Parlamento.
"O português fez uma escolha bem clara e deu maioria parlamentar à direita. Caberá agora do PS e aos demais partidos de esquerda refletir o que é preciso ser feito para atrair o eleitor", afirmou Francisco Assis, apontado como um dos possíveis sucessores de José Sócrates -que renunciou à liderança do partido.
Com a derrota socialista em Portugal, apenas 5 dos 27 países da União Europeia são governados pela centro-esquerda: Espanha, Áustria, Grécia, Eslovênia e Chipre.
Há duas semanas, o Partido Socialista Espanhol teve uma derrota histórica nas eleições regionais.


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