São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Hadayet vivia em Los Angeles; EUA dizem não haver provas de terrorismo, mas Israel discorda

Autor de ataque em aeroporto era egípcio

Associated Press - 04.jul.2002
Autoridades observam corpo de egípcio que matou duas pessoas em aeroporto de Los Angeles


DA REDAÇÃO

O FBI (polícia federal dos EUA) identificou o egípcio Hesham Mohamed Hadayet, 42, como o responsável pelo ataque contra o balcão de check in da companhia aérea israelense El Al no aeroporto de Los Angeles anteontem, no Dia da Independência americana.
Hadayet acabou morto por um agente de segurança da El Al após matar duas pessoas e ferir outras quatro. Motorista de limusine, ele residia em um subúrbio de Los Angeles desde 1992.
Autoridades norte-americanas ainda não sabem dizer se o episódio foi um atentado terrorista ou um ato isolado, mas afirmam que o egípcio foi ao aeroporto disposto a cometer o ataque. Por outro lado, ele não aparece em nenhuma lista de terroristas do FBI.
Para o governo israelense, porém, o incidente certamente foi um ataque terrorista.
O ataque aconteceu em um dia em que a segurança foi redobrada nos Estados Unidos devido ao temor de novos atentados. Anteontem foi a primeira vez que se comemorou a independência desde os ataques de 11 de setembro. Devido à aglomeração de pessoas em festividades, a possibilidade de um ataque era elevada, de acordo com serviços de inteligência.
Hadayet realizou os disparos com uma pistola semi-automática calibre 45, mas também carregava uma outra pistola, uma faca e muita munição extra.
"Não existem provas nem indicações até agora de que isso [o ataque ao balcão da El Al" foi um ato terrorista", disse Ari Fleischer, porta-voz da Casa Branca.
O porta-voz do FBI Matt McLaughlin acrescentou: "Nós não podemos descartar essa hipótese. Nunca afirmamos que não foi terrorismo. Mas não há nada que indique ter sido um ato terrorista até agora".
Richard Garcia, agente do FBI, disse que Hadayet foi ao aeroporto disposto a matar. "O que precisamos determinar é o motivo que o levou a fazer isso", afirmou.
Já o porta-voz do consulado israelense em Los Angeles, Meilav Eilon Shahar, disse que "o fato de uma pessoa escolher a El Al, uma companhia israelense, e o fato de o ataque acontecer exatamente nesse dia [a data de comemoração da independência", indicam que há uma conexão [com o terror"".
O ministro dos Transportes de Israel, Ephraim Sneh, classificou os disparos de anteontem como um ataque terrorista. "Temos de considerar o ataque como terrorismo até se provar o contrário".
A origem de Hadayet, de um país árabe -o Egito-, também indica, para Israel, que ele seria um terrorista, pois os israelenses são alvos de atentados devido ao conflito com palestinos e com países árabes.
As vítimas do ataque anteontem foram Yaakov Aminov, 46, pai de oito filhos que havia ido ao aeroporto para se despedir de um amigo, e Victoria Hen, 25, nascida em Israel, que trabalhava no balcão da El Al.

Computador
A polícia californiana confiscou um computador e outros itens da casa de Hadayet para verificar se ele tinha algum vínculo com organizações terroristas.
O egípcio tinha duas carteiras de motorista. Curiosamente, uma delas registrava o nascimento dele em 4 de julho de 1961, mesmo dia da comemoração da independência americana e do ataque de anteontem. A outra data é de 7 de abril de 1961. As autoridades não sabiam dizer ontem qual era a correta. Anteontem, porém, ele ligou para seus pais no Egito para que eles lhe dessem parabéns.
O carro de Hadayet -um Mercedes preto- foi localizado no estacionamento do aeroporto de Los Angeles. A polícia procurou por explosivos, mas nada foi encontrado no veículo.
Ralph Rodriguez, porta-voz da Mexicana Airlines, cujo balcão de check in se localiza ao lado do da El Al, disse que o supervisor da companhia aérea mexicana que estava no local viu Hadayet tendo uma discussão com alguma pessoa em frente a El Al. Em seguida, começaram os disparos.
Segundo o Consulado de Israel em Los Angeles, o egípcio foi derrubado e em seguida morto pelo chefe da segurança da companhia israelense no aeroporto.
O casal de mexicanos Guillermo e Yolanda Frebosa estavam na fila da companhia aérea Aero California quando escutaram um grito "abaixem todos". Eles não sabem dizer se quem gritou foi Hadayet ou alguém da segurança do aeroporto. Imediatamente, afirmaram, todos se jogaram no chão.
Kornelia Bergman e Petra Dutschek, duas turistas alemãs que regressariam para Dusseldorf (Alemanha) após uma semana de férias nos Estados Unidos, disseram ter estranhado ver um homem no balcão de check in da El Al gesticulando e gritando.
Elas disseram não ter escutado o que ele falava, mas que "era visível que o homem estava nervoso". Em seguida, escutaram os tiros.
"Ele estava com muita raiva, não parava de fazer gestos", disse Richard Whippington, que viajaria para a Coréia do Sul.
Cerca de 30 pessoas esperavam para fazer check in no balcão da El Al quando aconteceu o incidente, e mais de 200 se encontravam no saguão onde se localiza a companhia israelense no aeroporto de Los Angeles.

Com agências internacionais


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