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GUERRA SEM LIMITES
Documento militar prevê ataque por três frentes e uso de aviões baseados em países do Oriente Médio
EUA têm plano para derrubar Saddam
ERIC SCHMITT
DO "THE NEW YORK TIMES"
Um documento de planejamento militar americano prevê que
forças aéreas, terrestres e marítimas ataquem o Iraque desde três
direções (norte, sul e oeste), numa
campanha visando derrubar o ditador Saddam Hussein.
O documento prevê que dezenas de milhares de fuzileiros navais e soldados invadiriam o Iraque, vindos do Kuait. Centenas de
aviões de guerra baseados em até
oito países, possivelmente incluindo a Turquia e o Qatar, desencadeariam um ataque maciço
contra milhares de alvos, incluindo pistas de pouso, estradas e centros de comunicações.
Forças operacionais especiais
ou agentes secretos da CIA lançariam ataques contra armazéns e
laboratórios que armazenam ou
produzem as supostas armas de
destruição em massa e os mísseis
que seriam usados para lançá-las.
Nenhum dos países identificados no documento como possíveis áreas de lançamento já foi
formalmente consultado, disseram autoridades, destacando a
natureza preliminar do planejamento. Em sua viagem mais recente à região do golfo Pérsico,
em junho, o secretário da Defesa,
Donald H. Rumsfeld, visitou bases americanas no Kuait e em Qatar e a Quinta Frota no Bahrein.
A existência do documento que
apresentou aspectos significativos de um ""conceito" de uma
guerra contra o Iraque indica que
o planejamento se encontra em
fase avançada no setor militar,
mesmo que, em público e para
seus aliados, o presidente George
W. Bush afirme que não tem nenhum plano detalhado.
Entretanto, o conceito de tal
plano já está altamente desenvolvido. Uma vez que se tenha alcançado um consenso quanto ao
conceito, os passos em direção à
montagem de um plano final para
a guerra e, o que é mais importante, o cronograma para a distribuição das forças e o início da guerra
aérea representam a sequência final para a qual será necessária a
aprovação de Bush.
O presidente já recebeu pelo
menos dois briefings do general
Tommy R. Franks, chefe do Comando Central, sobre os esboços
gerais, ou ""conceito de operações", de um possível ataque. O
briefing mais recente aconteceu
em 19 de junho, segundo a Casa
Branca. ""Já estamos bastante
avançados", disse um alto funcionário da Defesa.
Intitulado ""Cursos de Ação da
Central de Comando", o documento, altamente confidencial,
foi redigido por planejadores do
comando central em Tampa, Flórida, segundo fonte familiarizada
com o documento. ""Cabe ao Departamento da Defesa desenvolver planos de contingência e atualizá-los de vez em quando", disse
a porta-voz do Pentágono, Victoria Clarke. Autoridades revelaram
que nem Rumsfeld nem os chefes
militares já foram postos a par
desse documento específico.
A fonte familiarizada com o documento descreveu seu conteúdo
ao ""Times" sob a condição de
anonimato e expressou sua frustração pelo fato de o planejamento ser pouco criativo e não incorporar plenamente os avanços em
tática e tecnologia militares desde
a Guerra do Golfo, em 1991.
Fontes da administração disseram que ainda estão estudando
outras opções para depor Saddam. Mas a maioria dos representantes do setor militar e da administração acredita que um golpe
de Estado no Iraque teria poucas
chances de sucesso e que uma batalha por procuração, usando forças locais, não seria suficiente.
Nada no documento ou nas entrevistas com altos oficiais militares sugere que um ataque seja
iminente. Os altos funcionários
da administração continuam a dizer que qualquer ofensiva provavelmente será adiada até o início
de 2003, dando tempo para a criação de melhores condições militares, econômicas e diplomáticas.
Entre as muitas questões pendentes está a localização das forças aéreas e terrestres na região. A
geografia e a história, especialmente a da Guerra do Golfo, sugerem que países como Kuait, Turquia, Qatar, Emirados Árabes
Unidos e Bahrein seriam candidatos prováveis a servir de bases para missões de combate aéreo ou
tropas terrestres. Nada no documento sugere a possibilidade de
que sejam usadas bases na Arábia
Saudita, desde a qual os EUA lançaram a maior parte dos ataques
aéreos na Guerra do Golfo. Os
EUA precisariam de autorização
para usar o espaço aéreo saudita
adjacente ao Iraque.
Os sauditas autorizaram os
EUA a administrar a guerra aérea
contra o Afeganistão a partir de
um sofisticado centro de comando na base aérea Prince Sultan,
nos arredores de Riad, mas proibiram sua força aérea de lançar
quaisquer missões de ataque desde solo saudita.
O documento do Comando
Central não inclui uma linha do
tempo mostrando quando as forças americanas poderiam começar a dirigir-se ao golfo Pérsico,
nem quanto tempo seria necessário para posicionar todas as forças. Ele tampouco oferece resposta a uma das grandes perguntas
que a administração está procurando responder: como Saddam
Hussein vai reagir se ocorrer uma
grande concentração de forças
convencionais, como os EUA
promoveram na Guerra do Golfo.
""Os iraquianos não vão ficar parados, sem fazer nada, enquanto
mandamos 250 mil homens para
lá", disse um analista militar.
Tradução de Clara Allain
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