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CHILE
Ex-ditador se diz de "consciência tranquila" ao renunciar ao cargo de senador
Pinochet anuncia saída da política
DA REDAÇÃO
Augusto Pinochet, ex-ditador
do Chile, disse em uma carta que
saía da política com a "consciência tranquila" e que a história
honraria seu "sacrifício" durante
seu governo (1973-1990).
Na carta de renúncia ao cargo
de senador vitalício, publicada
ontem na imprensa chilena, o general não expressou arrependimento em relação ao regime de linha dura que impôs ao país.
"Tudo o que fiz à frente das Forças Armadas e da Ordem não teve
outro fim que a grandeza e o bem-estar do Chile", disse Pinochet, 86.
Pinochet renunciou a seu cargo
anteontem, três dias depois de a
Suprema Corte decidir, em um
veredicto final, que ele era mentalmente incapaz de ser julgado.
Ele foi acusado no caso da "Caravana da Morte" de acobertar a
morte de 75 supostos militantes
de esquerda por um esquadrão
militar pouco depois do golpe militar de 1973 que o levou ao poder.
Segundo um relatório oficial, os
homens de Pinochet perseguiram, prenderam e torturaram
opositores. Mais de 3.000 pessoas
foram mortas ou "desapareceram" em seus 17 anos de governo.
No fim dos anos 80, enfrentando cada vez mais oposição, ele negociou sua saída por meio de uma
eleição, mas permaneceu no governo como chefe militar e, depois, senador vitalício -um cargo que ele mesmo criou e acrescentou à Constituição de 1980.
Pinochet é odiado por muitos,
mas, segundo pesquisas, cerca de
um terço dos chilenos o admira.
Ele não compareceu a nenhuma
sessão do Senado nos últimos
quatro anos e raramente sai.
Pinochet foi preso em Londres,
em 1998, quando o juiz espanhol
Baltasar Garzón pediu a extradição do ex-ditador para julgá-lo
por crimes contra a humanidade
cometidos durante seu regime.
Em 2000, o Reino Unido decidiu
libertá-lo. Pinochet voltou ao Chile e, em dezembro do mesmo ano,
foi preso, acusado de co-autoria
no caso "Caravana da Morte".
Em 2001, a acusação de "autoria
intelectual" foi rebaixada para
"acobertamento" dos crimes, o
que levou a Justiça a ordenar a liberdade provisória de Pinochet,
que cumpria prisão domiciliar.
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