São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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CHILE

Ex-ditador se diz de "consciência tranquila" ao renunciar ao cargo de senador

Pinochet anuncia saída da política

DA REDAÇÃO

Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile, disse em uma carta que saía da política com a "consciência tranquila" e que a história honraria seu "sacrifício" durante seu governo (1973-1990).
Na carta de renúncia ao cargo de senador vitalício, publicada ontem na imprensa chilena, o general não expressou arrependimento em relação ao regime de linha dura que impôs ao país.
"Tudo o que fiz à frente das Forças Armadas e da Ordem não teve outro fim que a grandeza e o bem-estar do Chile", disse Pinochet, 86.
Pinochet renunciou a seu cargo anteontem, três dias depois de a Suprema Corte decidir, em um veredicto final, que ele era mentalmente incapaz de ser julgado. Ele foi acusado no caso da "Caravana da Morte" de acobertar a morte de 75 supostos militantes de esquerda por um esquadrão militar pouco depois do golpe militar de 1973 que o levou ao poder.
Segundo um relatório oficial, os homens de Pinochet perseguiram, prenderam e torturaram opositores. Mais de 3.000 pessoas foram mortas ou "desapareceram" em seus 17 anos de governo.
No fim dos anos 80, enfrentando cada vez mais oposição, ele negociou sua saída por meio de uma eleição, mas permaneceu no governo como chefe militar e, depois, senador vitalício -um cargo que ele mesmo criou e acrescentou à Constituição de 1980.
Pinochet é odiado por muitos, mas, segundo pesquisas, cerca de um terço dos chilenos o admira.
Ele não compareceu a nenhuma sessão do Senado nos últimos quatro anos e raramente sai.
Pinochet foi preso em Londres, em 1998, quando o juiz espanhol Baltasar Garzón pediu a extradição do ex-ditador para julgá-lo por crimes contra a humanidade cometidos durante seu regime.
Em 2000, o Reino Unido decidiu libertá-lo. Pinochet voltou ao Chile e, em dezembro do mesmo ano, foi preso, acusado de co-autoria no caso "Caravana da Morte".
Em 2001, a acusação de "autoria intelectual" foi rebaixada para "acobertamento" dos crimes, o que levou a Justiça a ordenar a liberdade provisória de Pinochet, que cumpria prisão domiciliar.



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