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Cristina tenta avançar agenda legislativa
Após derrota eleitoral, presidente argentina precisa renovar projetos considerados chave antes de posse do novo Congresso
Legislação de emergência econômica e prorrogação de superpoderes do Executivo são alguns dos temas a tratar até o fim deste ano
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Até a posse dos novos deputados e senadores argentinos,
em dezembro, o governo Cristina Kirchner, debilitado pela
derrota nas eleições legislativas
do dia 28, terá pela frente uma
agenda legislativa difícil, com
renovação de leis consideradas
chave para o caixa estatal.
Entre temas por tratar até o
final do ano estão a prorrogação dos chamados "superpoderes" do Executivo, da Lei de
Emergência Econômica e do
imposto do cheque, pilares do
modelo econômico kirchnerista, além do Orçamento 2010.
O governo perdeu as eleições
em 11 dos 24 distritos eleitorais
do país, que somam 77,5% dos
votos nacionais. Com isso, deixará de ter a maioria na Câmara
e no Senado.
Com o Congresso atual, o governo aprovou com folga suas
principais iniciativas -exceto o
aumento dos impostos sobre
exportação de grãos, que motivou o conflito com setor rural e
foi derrubado no Senado em
2008, com o voto de minerva
do vice-presidente da República, Julio Cobos.
As propostas que o governo
tentará aprovar no "velho Congresso" são fundamentais para
a sua agenda econômica, dominada pela necessidade de evitar
uma queda brusca na arrecadação e desacelerar o aumento
dos gastos públicos. Puxados
por anúncios pré-eleitorais e
medidas anticrise, os gastos
avançaram 31% no ano, ante
um crescimento de apenas 14%
na arrecadação.
A primeira disputa será em
agosto, pela renovação dos chamados "superpoderes" do Executivo. Aprovada em 2006, a
norma autoriza o chefe de gabinete do governo a remanejar o
Orçamento sem pedir autorização ao Congresso.
Embora dividida, a oposição
já acertou que irá votar pela
derrubada da norma. Com o governo debilitado, há também
incerteza sobre como será o
comportamento de deputados
aliados de Cristina, mas que
não integram a Frente para a
Vitória (bloco da presidente)
-no Senado, a Frente para a Vitória tem maioria própria.
"Há partidos provinciais que
apoiam o governo e poderiam
mudar sua atuação em razão da
derrota oficial", afirma o analista Rodrigo Mallea.
Emergência econômica
A Lei de Emergência Econômica é outra norma que o governo buscará prorrogar até
dezembro. Concebida durante
a crise socioeconômica de
2001-2002, a iniciativa outorga
ao Executivo poderes para modificar impostos, renegociar
contratos de serviços públicos
com empresas privatizadas e
ampliar planos sociais, entre
outras medidas de impacto.
O governo já prorrogou a lei
no Congresso sem dificuldades
por seis anos consecutivos. "Os
superpoderes e a emergência
econômica são a verdadeira
chave do poder de fato do
kirchnerismo", afirma o analista Rosendo Fraga.
O imposto do cheque (a
CPMF argentina) será mais
uma frente de batalha para o
governo. Vigente desde 2001,
atinge operações de créditos e
débitos bancários de empresas
e pessoas físicas. Representa a
quarta maior fonte de recursos
do governo -R$ 11,4 bilhões,
pela previsão do Orçamento
deste ano.
O governo deve ainda aproveitar a composição favorável
do Congresso para enviar sua
polêmica proposta de nova lei
de radiodifusão. O projeto, em
fase final de consulta pública,
atinge os interesses do "Clarín", o maior grupo de mídia do
país, por abrir o mercado de TV
a cabo para empresas de serviços públicos e limitar a participação dos atuais operadores,
entre outros pontos.
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