|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
França também quer troca de G8 por G20
Ministra da Economia considera grupo ampliado "mais pertinente", o que coincide com interesses brasileiros
DO ENVIADO ESPECIAL A PARIS
A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, juntou-se ontem ao grupo cada vez
mais nutrido de dirigentes globais que emitem a certidão de
óbito do G8 e o atestado de nascimento do G20 como nova diretoria informal para a discussão econômico-financeira no
mundo.
A três dias do início da 35ª
cúpula do G8 (as sete grandes
economias do mundo mais a
Rússia), Lagarde foi direta: "O
G8 é uma instituição bem mais
antiga e sem dúvida menos pertinente [que o G20], tendo em
conta a sua composição e a evolução do mundo".
Antes, a chanceler (premiê)
alemã, Angela Merkel, havia dito algo parecido, insinuando a
obsolescência do G8. O governo
norte-americano, por sua vez,
deixou claro que a cúpula do G8
prevista para Áquila, na Itália,
será apenas um "talk show",
não deliberativo, à espera do
encontro mais decisivo que será a cúpula do G20 nos Estados
Unidos em setembro.
O G20 é formado por todos
os países do G8 mais emergentes de grosso calibre, entre eles
Brasil, China e Índia.
"O G8 deve, imperativamente, ser modificado e ampliado
para se adaptar às realidades do
tempo", diz a ministra francesa, o que soa como música ao
ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao chegar sábado a Paris, Lula também havia apostado na substituição do
G8 pelo G20, tese que certamente repetirá amanhã, em
seu encontro com o presidente
francês, Nicolas Sarkozy.
A posição de Lagarde deixa
claro que, nesse ponto, não haverá discórdia alguma entre
Sarkozy e Lula.
G8 "irrelevante"
Nesse cenário, a cúpula do
G8 "torna-se crescentemente
irrelevante", na avaliação de
uma atenta observadora externa, Claire Melamed, diretora da
ONG britânica ActionAid.
Talvez haja algo de exagero
nessa avaliação: se é "menos
pertinente" tratar de economia
no G8, ainda há um grande tema global que os EUA querem
colocar no topo da agenda dos
oito: a mudança climática.
A grande discussão, minúcias
técnicas à parte, é como estabelecer metas de redução da
emissão de gases, de forma a
evitar que a temperatura global
aumente mais que 2 graus centígrados em relação ao nível da
era pré-industrial. Um aumento superior, segundo os peritos
das Nações Unidas, seria catastrófico para o planeta.
Na verdade, a discussão no
G8 será preparatória para a
principal cúpula deste ano,
marcada para dezembro em
Copenhague (Dinamarca), na
qual se pretende chegar a um
acordo definitivo.
Mas, "a apenas cinco meses
do novo acordo sobre mudança
climática, nenhum membro do
grupo de oito países mais desenvolvidos do mundo está fazendo o suficiente para conter
o aquecimento global, com Canadá e EUA no fim da lista", denuncia outra ONG respeitada
internacionalmente, a WWF
(sigla em inglês para Fundo
Mundial para a Vida Selvagem).
(CLÓVIS ROSSI)
Texto Anterior: Vice lança candidatura para 2011 Próximo Texto: Crise iraniana: Clérigos xiitas contestam reeleição de Ahmadinejad Índice
|