São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2010

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ANÁLISE

Resultado é um respiro para o governo de Felipe Calderón

JAIME LÓPEZ-ARANDA TREWARTHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

As eleições do domingo no México resultaram em uma grande surpresa. O Partido de Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón, aliado ao principal partido de esquerda, o Partido da Revolução Democrática (PRD), e a algumas agremiações menores, conseguiu evitar o que parecia um triunfo inevitável do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que, dez anos após perder a Presidência pela primeira vez, vinha sendo visto como uma máquina eleitoral quase imbatível.
Pelos resultados preliminares, a coalizão parece destinada a vencer em três Estados tidos como baluartes do PRI, Oaxaca, Puebla e Sinaloa, enquanto em Veracruz, um dos mais importantes do país, há expectativa de uma batalha, pois dois candidatos se disseram vitoriosos.
Os resultados, em um pleito que transcorreu em geral de maneira pacífica, indicam grande vitória para os líderes de PAN e PRD, que enfrentaram críticas por sua decisão de formar aliança, antes das eleições, e, no caso de Sinaloa, Veracruz e Oaxaca, de recrutar candidatos que originalmente eram do PRI. Talvez ainda mais importante é que o resultado é um respiro para o governo, que contemplara sucessivos avanços do PRI nas eleições locais e para a Câmara.
Essas derrotas eram vistas como sinais de rejeição à gestão do presidente e permitiam que o PRI adotasse um discurso mais hostil e beligerante diante das propostas do Executivo. Isso sem mencionar o risco de uma derrota da coalizão ser o golpe fatal para o líder do PAN, César Nava, visto como próximo ao presidente e, por isso, alvo da ala dissidente do PAN.
O presidente ainda se beneficiou de um dia de votação relativamente pacífico, depois que o assassinato de Rodolfo Torre Cantú (PRI), líder nas pesquisas para o governo de Tamaulipas, elevou o temor de que o crime pudesse realizar ataques durante as eleições, o que serviria para intensificar as críticas à estratégia do governo.
É provável que nas próximas semanas aconteçam, como de hábito, ferozes batalhas judiciais nos Estados onde a eleição tenha sido mais apertada, e é possível que alguns resultados mudem. Mesmo assim, parece claro que a coalizão conseguiu mudar a percepção de que o PRI estava em uma posição de força impossível de reverter.
A mudança deve permitir que Calderón e seu PAN ajustem a estratégia nos dois próximos anos, cruciais para a definição de seu legado. De sua parte, o PRI terá de lidar com os efeitos de uma derrota inesperada.

O mexicano JAIME LÓPEZ-ARANDA TREWARTHA é analista político do Centro de Estudos para o Desenvolvimento



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