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ANÁLISE
Resultado é um respiro para o governo de Felipe Calderón
JAIME LÓPEZ-ARANDA
TREWARTHA
ESPECIAL PARA A FOLHA
As eleições do domingo no
México resultaram em uma
grande surpresa.
O Partido de Ação Nacional (PAN), do presidente Felipe Calderón, aliado ao principal partido de esquerda, o
Partido da Revolução Democrática (PRD), e a algumas
agremiações menores, conseguiu evitar o que parecia
um triunfo inevitável do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que, dez anos
após perder a Presidência pela primeira vez, vinha sendo
visto como uma máquina
eleitoral quase imbatível.
Pelos resultados preliminares, a coalizão parece destinada a vencer em três Estados tidos como baluartes do
PRI, Oaxaca, Puebla e Sinaloa, enquanto em Veracruz,
um dos mais importantes do
país, há expectativa de uma
batalha, pois dois candidatos se disseram vitoriosos.
Os resultados, em um pleito que transcorreu em geral
de maneira pacífica, indicam
grande vitória para os líderes
de PAN e PRD, que enfrentaram críticas por sua decisão
de formar aliança, antes das
eleições, e, no caso de Sinaloa, Veracruz e Oaxaca, de recrutar candidatos que originalmente eram do PRI.
Talvez ainda mais importante é que o resultado é um
respiro para o governo, que
contemplara sucessivos
avanços do PRI nas eleições
locais e para a Câmara.
Essas derrotas eram vistas
como sinais de rejeição à gestão do presidente e permitiam que o PRI adotasse um
discurso mais hostil e beligerante diante das propostas
do Executivo. Isso sem mencionar o risco de uma derrota
da coalizão ser o golpe fatal
para o líder do PAN, César
Nava, visto como próximo ao
presidente e, por isso, alvo
da ala dissidente do PAN.
O presidente ainda se beneficiou de um dia de votação relativamente pacífico,
depois que o assassinato de
Rodolfo Torre Cantú (PRI), líder nas pesquisas para o governo de Tamaulipas, elevou
o temor de que o crime pudesse realizar ataques durante as eleições, o que serviria
para intensificar as críticas à
estratégia do governo.
É provável que nas próximas semanas aconteçam, como de hábito, ferozes batalhas judiciais nos Estados onde a eleição tenha sido mais
apertada, e é possível que alguns resultados mudem.
Mesmo assim, parece claro
que a coalizão conseguiu
mudar a percepção de que o
PRI estava em uma posição
de força impossível de reverter.
A mudança deve permitir
que Calderón e seu PAN ajustem a estratégia nos dois próximos anos, cruciais para a
definição de seu legado.
De sua parte, o PRI terá de
lidar com os efeitos de uma
derrota inesperada.
O mexicano JAIME LÓPEZ-ARANDA
TREWARTHA é analista político do Centro
de Estudos para o Desenvolvimento
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