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Novo vídeo do resgate de reféns desmente Uribe
Imagens mostram uso planejado de insígnia da Cruz Vermelha na Operação Xeque
A versão do governo era a de que uso do símbolo durante ação contra as Farc foi por nervosismo; para Bogotá, vazamento foi "traição"
Maurício Duenas/RCN/France Presse
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Vídeo mostra Exército capturando guerrilheiros das Farc
DA REDAÇÃO
Um vídeo divulgado anteontem comprovou que o Exército
colombiano usou indevidamente e desde o início o símbolo do Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (CICV) no resgate de 15 reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2 de julho,
desmentindo a versão do governo de Álvaro Uribe.
O vídeo também exibe logotipos de duas TVs -a venezuelana Telesur e a equatoriana
Ecuavisa- usados por soldados
que fingiram ser jornalistas.
Após a Operação Xeque, que
libertou Ingrid Betancourt,
três americanos e outros 11 reféns, o presidente Álvaro Uribe
negou o uso de símbolos. Essa
versão foi confrontada pela rede americana CNN, que afirmou em meados de julho, sem
mostrar imagens, que o Exército fez uso da insígnia do CICV.
O governo na época mudou o
relato e afirmou que um militar, "por nervosismo", colocou
um jaleco com o símbolo do
CICV pouco antes de se encontrar com os guerrilheiros.
Contudo, no vídeo divulgado
pela TV privada RCN, anteontem, é possível ver mais de um
soldado com a insígnia da organização internacional neutra,
inclusive durante treinamento
em um hangar militar.
As imagens causaram alvoroço no governo colombiano. O
presidente, em nota, negou conhecimento: "É grave que nas
primeiras investigações (...)
não tenha sido revelada toda a
verdade". Ele também disse ser
grave que "integrantes das Forças Armadas divulguem informações confidenciais de maneira clandestina e sem coordenação com seus superiores".
O ministro da Defesa, Juan
Manuel Santos, se disse indignado com os responsáveis pela
entrega do material à RCN, que
teriam "colocado em perigo
seus companheiros". Santos
qualificou o vazamento de
"traição à pátria" e disse que
punirá os responsáveis. O general Fredy Padilla, chefe das
Forças Armadas do país, afirmou que o governo acreditou
no soldado que alegou nervosismo porque "na vida militar a
palavra é muito importante".
Indagada, a RCN não respondeu se pagou pelas imagens -a
CNN disse que não obteve o vídeo porque se recusou a pagar.
Ajustes
Por violar convenções internacionais, o uso intencional e
planejado do símbolo do CICV
é potencialmente o mais grave
da série de ajustes e revelações
que a Colômbia teve de fazer
sobre Operação Xeque.
O governo também admitiu
nas semanas posteriores à ação
que: 1) usou símbolo de ONG
fictícia no helicóptero de resgate; 2) mimetizou ações do presidente da Venezuela, Hugo
Chávez, para receber reféns libertados pelas Farc; 3) anunciou à imprensa local ter autorizado o contato de mediadores
europeus com o secretariado
das Farc como parte do plano
para enganar a guerrilha.
O uso dos logos das duas TVs
provocou fortes críticas. A organização internacional Comitê para Proteção de Jornalistas
enviou uma carta aberta ao governo Uribe na qual afirma que
o ato põe em risco todos os profissionais da imprensa. A RCN
afirmou ainda que um avião-radar dos EUA ajudou a operação.
Com agências internacionais
NA FOLHA ONLINE
www.folha.com.br/082182
Veja o vídeo do resgate
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