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Sucessão nos EUA / Literatura de Campanha
Biografias tentam colar em Obama a pecha de esquerdista
Lançados ontem, dois novos livros negativos ao candidato democrata já entraram na lista dos mais vendidos na Amazon
David Freddoso, autor de um dos textos, afirma que a campanha de McCain erra ao não atacar oponente por suas posições políticas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No dia seguinte ao seu aniversário de 47 anos, o senador
Barack Obama ganhou dois
presentes indesejados que prometem trazer mais dor de cabeça a uma candidatura que parece começar a andar de lado.
Chegaram ontem às livrarias
dos Estados Unidos duas biografias negativas do candidato
democrata, escritas por dois
nomes importantes da direita
política norte-americana.
A mais séria é "The Case
Against Barack Obama - The
Unlikely Rise and Unexamined
Agenda of the Media's Favorite
Candidate" (O Caso Contra Barack Obama - A Ascensão Improvável e a Plataforma Não
Examinada do Candidato Favorito da Mídia, editora Regnery), de David Freddoso, 34,
da publicação conservadora
"National Review". O livro já
está em 11º lugar na lista dos
mais vendidos da Amazon.
Mais do que fazer revelações
surpreendentes, o jornalista
alinha atos do político e fatos
sobre o senador para dizer com
todas as letras o que ele acha
que a imprensa local não faz
por ser parcial em relação à
candidatura do democrata:
Obama é um político de esquerda, não o reformista que ele
vende no palanque e em seus
programas de governo.
Na política norte-americana,
em que o espectro aceitável pelo eleitor médio se divide em direita, centro-direita e centro, a
qualificação equivale a uma
sentença de morte nas urnas.
Em 2004, uma das causas da
derrota do senador John Kerry
foi o sucesso da campanha de
George W. Bush de vendê-lo
como esquerdista.
No livro, Freddoso argumenta que o erro da campanha do
republicano John McCain tem
sido atacar Obama no que ele
tem de bem-sucedido -o fato
de ser uma celebridade mundial, por exemplo- ou em
questões delicadas demais -a
raça do senador, a biografia
exótica-, em vez de se concentrar no óbvio: as declarações,
associações e votos que mostrariam ao público que o candidato é de esquerda.
É isso que a biografia tenta
mostrar: um candidato a favor
de maior presença do governo
em áreas como saúde e educação, que defende a opção do
aborto e é contra o direito de
portar armas. Um político que
no começo da carreira se associou a radicais como o reverendo Jeremiah Wright Jr. e o ex-ativista William Ayers e só se
afastou deles quando se transformaram num empecilho.
Afirma ainda que, apesar de
se vender como diferente, Obama é um político como os outros. A biografia começa contando como Obama foi eleito ao
Senado estadual de Illinois, em
1996, ao usar uma tecnicalidade para desqualificar na Justiça
os nomes de seus oponentes.
Concorrendo sozinho, venceu.
Não que não haja revelações.
Freddoso, que cobre Obama
desde 2004, diz que as pessoas
olham para o lado errado ao criticar a associação entre o candidato e o negociante Antoin
Rezko, de Chicago, condenado
neste ano por entre outras coisas lavagem de dinheiro. Rezko
ajudou Obama num acordo
imobiliário, e o candidato se
desculpou por isso, dizendo
que tinha sido "burrice".
Mas os dois são amigos há 17
anos, escreve Freddoso, e Obama votou a favor ou propôs várias medidas que beneficiaram
o negociante. Apesar de ter vindo a público dizer que "nunca
havia pedido favores a Rezko",
Obama escreveu cartas em
1998 ao Senado pedindo que
fossem aprovados financiamentos ao amigo, diz o livro.
Mais folclórica
A outra biografia é mais folclórica, mas de dano potencial
similar por sua popularidade.
"The Obama Nation - Leftist
Politics and the Cult of Personality" (A Nação Obama - As
Políticas de Esquerda e o Culto
à Personalidade, editora Threshold) se baseia mais em rumores disseminados pela internet,
apesar de o livro trazer 600 referências bibliográficas.
O autor é Jerome Corsi, velho conhecido do cenário conservador americano por ser autor de um livro negativo sobre
John Kerry, que ficou quase a
campanha presidencial inteira
de 2004 na lista dos mais vendidos do "New York Times".
Lançado ontem, o novo livro já
está em sexto lugar na Amazon.
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