São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Para Brasil, rebaixamento não surpreende

Equipe econômica do governo vê a notícia como ruim, mas não prevê fuga de investidores dos EUA para outros países

A princípio, brasileiros não pretendem mudar composição de reservas internacionais; parte é de títulos americanos

DE BRASÍLIA

A decisão de rebaixar a dívida dos EUA anunciada pela agência de classificação de risco S&P não causou "uma surpresa tão grande" no governo brasileiro. O país, a princípio, não dá sinais de que alterará a política de composição de suas reservas internacionais, formada em parte por títulos americanos.
Segundo um membro da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, a agência já vinha dando sinais e preparando o mercado para a eventual mudança na classificação de crédito da maior economia do mundo.
Para o governo, a notícia é ruim, um fato histórico, dificultará a recuperação norte-americana, mas poderia ser pior -se houvesse, por exemplo, o anúncio de calote de alguma grande economia. Não se espera que isso leve a uma fuga de investidores dos EUA para outros países.
Primeiro, porque, mesmo com a mudança, a dívida norte-americana continua dentro da faixa que inclui os ativos considerados mais seguros -ou seja, o país ainda é "grau de investimento".
Se a nota da dívida saísse dessa faixa, muitos investidores seriam obrigados a abandonar esses papéis.
Além disso, o governo avalia que não há muitas opções de investimento no mercado, pois os papéis dos EUA têm o maior volume de negociação.
Para a equipe econômica, uma prova de que os investidores não querem se desfazer dos papéis da dívida americana é que, nas últimas semanas, mesmo diante do risco de rebaixamento já conhecido, só houve um tipo de migração, de papéis de curto prazo para títulos de longo prazo do próprio país.
Para o Brasil, os EUA continuam sendo o mercado mais seguro, apesar a mudança -outras economias grandes também enfrentam problemas com suas dívidas.
A Folha apurou que o câmbio será a primeira linha de defesa do Brasil se houver piora aguda no mercado.
Para isso, o Banco Central tem 70% mais reservas do que na véspera da quebra do banco Lehman Brothers, em 2008. Espera-se que um possível impacto no dólar seja menor do que na época, quando a cotação da moeda pulou de R$ 1,60 para R$ 2,50.
O BC conta ainda com R$ 420 bilhões para injetar na economia em caso de falta de crédito dentro do país. Até agora, não se detectou problema no financiamento de empresas ou nos empréstimos entre bancos.


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