São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Criticadas em 2008, agências tentam evitar arranhões

MARIANA CARNEIRO
MARIANA SCHREIBER

DE SÃO PAULO

Criticadas na crise financeira de 2008, as agências de classificação de risco parecem desta vez tentar evitar novas acusações de omissão.
"As agências não querem ser acusadas de terem sido passadas para trás", avalia o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros. "Estava na cara que ia acontecer isso."
As agências atribuem notas para ativos, sejam títulos governamentais ou de empresas, uma espécie de atestado de bom pagador.
Em 2008, quando os bancos americanos e europeus se viram inundados de ativos "subprime" (sem garantia de retorno), a grande pergunta que se fazia era: como ninguém viu isso antes? Parte da responsabilidade foi atribuída às agências de risco.
Para Mendonça de Barros, mesmo com o rebaixamento da nota dos EUA, "nada mudará" para os investidores. O mercado de "bonds" (títulos americanos) movimenta cerca de US$ 14 trilhões e nenhuma outra economia ou ativo é capaz de dar conta desse volume de aplicações. "Não há para onde correr", afirma.
Na sua avaliação, outras moedas como o franco suíço e até o real sairão mais valorizadas. "Tudo o que não piorou [de nota], melhorou."
O sócio da Cenário Investimentos, José Alfredo Lamy, lembra que o aumento do pessimismo no mercado nesta semana acarretou exatamente a procura pelos títulos americanos, por serem considerados mais seguros.
Segundo ele, a decisão da S&P não traz nada de novo, pois a situação fiscal americana já é conhecida pelo mercado. Além disso, afirma, as agências de risco perderam sua credibilidade desde da crise. "As próprias agências já foram rebaixadas", diz.
Economistas apontam temor no risco de os EUA entrarem em nova recessão devido aos cortes de gastos para reduzir a dívida. "Não vejo risco de calote", diz Lamy.


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