São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Fome no país é 'política', afirma especialista

CAROLINA MONTENEGRO
DE SÃO PAULO

Há seca severa, mas esse não é o principal motivo por trás da crise de fome que assola a Somália. A análise é de Abdi Ismail Samatar, professor da Universidade de Minessota, nos Estados Unidos. Nascido na Somália, naturalizou-se americano e pesquisa a África há 30 anos.
"A cada dois anos há uma seca. Nos últimos 50 anos, houve várias secas, mas elas nunca viraram uma crise de fome como esta, em que milhares morrem. Isso porque havia governos no país com capacidade de assistir as pessoas", disse à Folha.
Para ele o que mudou nas últimas décadas foi a instabilidade política, depois da ocupação da Etiópia (2006-2008) e da Guerra ao Terror americana, que patrocinou e armou clãs locais contra grupos considerados terroristas, como a milícia Al Shabab.
EUA e ONU apoiaram a criação do TFG (Governo Federal Transitório), que desde 2006 administra parte do país. "É um dos regimes mais corruptos e incompetentes do mundo", diz Samatar.
"Sem um governo efetivo, as pessoas enfrentam a seca, mas não têm a quem recorrer. É a falta de assistência que criou a fome e não a seca em si." Ele culpa o Al Shabab, EUA, TFG e a ONU.
"Eles produziram a fome. Se a comunidade internacional quer ajudar é preciso alimentos, mas também ajudar a reconstruir um governo somali, competente e legítimo."


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