São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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análise

Detenção confirma elo paquistanês

DA REDAÇÃO

O fato de os três detidos ontem por planejar atentados na Alemanha terem freqüentado campos do treinamento no Paquistão confirma a tese cada vez mais defendida por estudiosos da rede terrorista Al Qaeda: a de que o grupo, depois de ter sofrido duros golpes após o 11 de setembro de 2001 e a subseqüente invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos, está se reconstruindo na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão como organização terrorista concreta e não apenas fonte de inspiração ideológica.
Em artigo publicado ontem no jornal "The Guardian", o jornalista britânico Jason Burke, autor de "Al Qaeda: a Verdadeira História do Radicalismo Islâmico" (Zahar, 2007), afirma que, nos últimos dois anos, a inteligência britânica enfatizou a vulnerabilidade do Reino Unido a essa nova e reconstruída Al Qaeda "hardcore", baseada na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão.
Para o especialista, o episódio de ontem na Alemanha mostra que "há mais gente do que se pensava buscando a orientação dos setores intermediários da Al Qaeda" no Paquistão".
Em entrevista à Folha em julho último, Burke já havia dito que, "após o 11 de Setembro, o núcleo duro da Al Qaeda passou por momentos difíceis, mas nos últimos dois anos começou a se recuperar". "Campos de treinamento voltaram a ser montados no Paquistão e no Afeganistão e mais militantes estão sendo preparados."
Funcionários de governos ocidentais citados pelo jornal "Financial Times concordam que um núcleo de líderes da Al Qaeda continua ativo na Província paquistanesa do Waziristão, perto do Afeganistão, onde um acordo do governo paquistanês com líderes tribais em 2006 diminuiu a pressão sobre agentes da rede terrorista. Este núcleo ofereceria apoio logístico e treinamento em explosivos a alguns militantes.
As três detenções na Alemanha não foram as únicas prisões de suspeitos de terrorismo na Europa ontem: a polícia da Dinamarca também deteve oito jovens muçulmanos suspeitos de planejarem ataques para marcar o aniversário do 11 de Setembro.


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