São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2006

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Câmara dos EUA abre investigação sobre escândalo sexual

Larry Downing-15.ago.2004/Reuters
Foley (à esq.) com Bush; presidente da Câmara assumiu responsabilidade, mas seguirá no cargo


E-mails de deputado a estagiários afetam campanha dos republicanos às vésperas de eleições; presidente da Casa assume responsabilidade, mas não renuncia

DA REDAÇÃO

A Comissão de Ética da Câmara de Representantes (deputados) dos EUA abriu ontem uma investigação bipartidária sobre o escândalo sexual envolvendo o ex-deputado republicano Mark Foley, da Flórida, que renunciou na sexta-feira passada após a descoberta de mensagens obscenas enviadas por ele a estagiários adolescentes da Casa.
Em uma operação para tentar controlar os danos causados pelo caso ao Partido Republicano, a cinco semanas das eleições legislativas, o presidente da Câmara, Dennis Hastert, chamou ontem uma entrevista coletiva para dizer que assume a responsabilidade, mas que não cederia à pressão para renunciar.
"Lamento profundamente que isso tenha ocorrido, e estamos assumindo a responsabilidade", disse o republicano Hastert. Mas afirmou: "Não fiz nada de errado".
Pesquisa do instituto Zogby divulgada anteontem indica que o caso já ameaça a corrida eleitoral republicana -somando-se à crescente impopularidade da atuação do governo George W. Bush no Iraque. A oposição lidera a disputa em 11 de 15 importantes distritos hoje nas mãos dos republicanos -o que daria aos democratas a maioria na Câmara. O risco maior está sobre os nove republicanos que tentam a reeleição: sete deles perdem para democratas, segundo a sondagem.
"É um panorama funesto para os republicanos. Eles devem estar muito, muito nervosos", disse John Zogby.
O escândalo estourou na semana passada, quando foram descobertos e-mails de conteúdo sexual explícito enviados por Foley a estagiários menores de idade que trabalham como mensageiros na Câmara.
O caso se complicou anteontem depois que um ex-funcionário do primeiro escalão disse ter alertado a Presidência da Câmara sobre o comportamento do congressista há mais de três anos. Segundo outras denúncias, ele assediava os meninos pelo menos desde 1997.
Foley, 52, era co-presidente de uma comissão parlamentar sobre o desaparecimento e a exploração de crianças. Em julho deste ano, apareceu ao lado do presidente Bush na assinatura de uma lei de proteção contra a pedofilia.
Seu advogado disse que Foley agiu sob influência do álcool e que foi vítima de abuso sexual na adolescência, mas nega que ele tenha mantido contato sexual com os meninos.

Investigação
Segundo o presidente da Comissão de Ética, Doc Hastings (republicano), a investigação "irá aonde as evidências nos levarem". Serão intimadas a depor dezenas de testemunhas, entre parlamentares e funcionários da casa.
A investigação visa esclarecer "condutas impróprias envolvendo congressistas e atuais e antigos estagiários" e se houve tentativa de encobrir os casos por questões políticas.
"O povo americano e, especialmente, os pais dos estagiários atuais e antigos têm o direito de saber como se administrou a situação", disse Hastings em uma nota.
Hastings esclareceu que Foley não pode ser punido pela comissão por ter renunciado, mas disse que suas ações serão investigadas como parte de um esforço para determinar se outras pessoas na casa devem ser "disciplinadas".
Hastert elogiou a atuação da comissão e disse que iria instruir seu advogado a cooperar para "chegar ao fundo disso". "A comissão está tentando ganhar controle da situação e encontrar respostas para nos devolver a paz de espírito", disse Hastert em um comunicado.
"Qualquer pessoa que seja considerada culpada de conduta imprópria envolvendo contato ou comunicação sexual com um estagiário deve imediatamente renunciar, ser demitido ou estar sujeito a um voto de expulsão", afirmou.
Sua decisão de não renunciar foi endossada pela Casa Branca. "Apoiamos o presidente [da Câmara]", disse o porta-voz Tony Snow.


Com agências internacionais

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