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Câmara dos EUA abre investigação sobre escândalo sexual
Larry Downing-15.ago.2004/Reuters
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Foley (à esq.) com Bush; presidente da Câmara assumiu responsabilidade, mas seguirá no cargo |
E-mails de deputado a estagiários afetam campanha dos republicanos às vésperas de eleições;
presidente da Casa assume responsabilidade, mas não renuncia
DA REDAÇÃO
A Comissão de Ética da Câmara de Representantes (deputados) dos EUA abriu ontem
uma investigação bipartidária
sobre o escândalo sexual envolvendo o ex-deputado republicano Mark Foley, da Flórida,
que renunciou na sexta-feira
passada após a descoberta de
mensagens obscenas enviadas
por ele a estagiários adolescentes da Casa.
Em uma operação para tentar controlar os danos causados
pelo caso ao Partido Republicano, a cinco semanas das eleições legislativas, o presidente
da Câmara, Dennis Hastert,
chamou ontem uma entrevista
coletiva para dizer que assume
a responsabilidade, mas que
não cederia à pressão para renunciar.
"Lamento profundamente
que isso tenha ocorrido, e estamos assumindo a responsabilidade", disse o republicano Hastert. Mas afirmou: "Não fiz nada de errado".
Pesquisa do instituto Zogby
divulgada anteontem indica
que o caso já ameaça a corrida
eleitoral republicana -somando-se à crescente impopularidade da atuação do governo
George W. Bush no Iraque. A
oposição lidera a disputa em 11
de 15 importantes distritos hoje nas mãos dos republicanos
-o que daria aos democratas a
maioria na Câmara. O risco
maior está sobre os nove republicanos que tentam a reeleição: sete deles perdem para democratas, segundo a sondagem.
"É um panorama funesto para os republicanos. Eles devem
estar muito, muito nervosos",
disse John Zogby.
O escândalo estourou na semana passada, quando foram
descobertos e-mails de conteúdo sexual explícito enviados
por Foley a estagiários menores de idade que trabalham como mensageiros na Câmara.
O caso se complicou anteontem depois que um ex-funcionário do primeiro escalão disse
ter alertado a Presidência da
Câmara sobre o comportamento do congressista há mais de
três anos. Segundo outras denúncias, ele assediava os meninos pelo menos desde 1997.
Foley, 52, era co-presidente
de uma comissão parlamentar
sobre o desaparecimento e a
exploração de crianças. Em julho deste ano, apareceu ao lado
do presidente Bush
na assinatura de uma lei de proteção contra a pedofilia.
Seu advogado disse que Foley agiu sob influência do álcool
e que foi vítima de abuso sexual
na adolescência, mas nega que
ele tenha mantido contato sexual com os meninos.
Investigação
Segundo o presidente da Comissão de Ética, Doc Hastings
(republicano), a investigação
"irá aonde as evidências nos levarem". Serão intimadas a depor dezenas de testemunhas,
entre parlamentares e funcionários da casa.
A investigação visa esclarecer "condutas impróprias envolvendo congressistas e atuais
e antigos estagiários" e se houve tentativa de encobrir os casos por questões políticas.
"O povo americano e, especialmente, os pais dos estagiários atuais e antigos têm o direito de saber como se administrou a situação", disse Hastings
em uma nota.
Hastings esclareceu que Foley não pode ser punido pela
comissão por ter renunciado,
mas disse que suas ações serão
investigadas como parte de um
esforço para determinar se outras pessoas na casa devem ser
"disciplinadas".
Hastert elogiou a atuação da
comissão e disse que iria instruir seu advogado a cooperar
para "chegar ao fundo disso".
"A comissão está tentando ganhar controle da situação e encontrar respostas para nos devolver a paz de espírito", disse
Hastert em um comunicado.
"Qualquer pessoa que seja
considerada culpada de conduta imprópria envolvendo contato ou comunicação sexual
com um estagiário deve imediatamente renunciar, ser demitido ou estar sujeito a um voto de expulsão", afirmou.
Sua decisão de não renunciar
foi endossada pela Casa Branca. "Apoiamos o presidente [da
Câmara]", disse o porta-voz
Tony Snow.
Com agências internacionais
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