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Honduras abre crise no Congresso dos EUA
Democratas acusam republicanos de tentar minar política externa de governo Obama com visitas a regime golpista
Ontem, segunda delegação opositora foi a Tegucigalpa;
democratas enviam carta a hondurenhos expressando condenação a encontros
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Uma nova visita de um grupo
de políticos republicanos ao regime golpista de Honduras
aprofundou a crise no Congresso dos EUA em relação à condução da crise hondurenha. A
visita, dizem democratas, expõe a tentativa de ingerência do
partido de oposição em questões de política externa do governo Barack Obama.
A missão, composta por Ileana Ros-Lehtinen e os irmãos
Lincoln e Mario Díaz-Balart,
ultraconservadores anticastristas da Flórida, chegou ontem a Tegucigalpa, três dias depois de uma comissão de senadores da oposição liderados por
Jim DeMint, da Carolina do
Sul, ter ido a Honduras para
reunião com o líder do regime
golpista, Roberto Micheletti.
Na quinta, o presidente da
Comissão de Relações Exteriores do Senado, o democrata
John Kerry (Massachusetts),
tentou sem sucesso bloquear a
viagem da comitiva republicana, dizendo que ela visitaria o
líder de um regime que o governo Obama condena.
Um grupo de políticos democratas, liderado pelo representante (deputado) Bill Delahunt,
mandou carta a seus colegas
hondurenhos esclarecendo que
tais visitas não representam a
visão do Congresso. "Soubemos que vocês receberam visitantes de nosso Congresso que
representam o partido minoritário e que expressaram visões
que diferem fortemente das do
governo do presidente Obama
e do Partido Democrata no
Congresso", começa o texto.
"Nós acreditamos que o golpe contra o presidente Zelaya
foi inconstitucional; a ausência
de um presidente legítimo, as
violações aos direitos humanos
e o cerceamento das liberdades
civis são inaceitáveis; e essas
condições fazem com que eleições livres e justas em novembro em Honduras sejam impossíveis", continua.
O partido de Obama acusa os
republicanos de tentarem minar a posição do presidente
também em outras questões de
política externa. Os republicanos anunciaram, por exemplo,
que mandarão um "esquadrão
da verdade" para se contrapor à
delegação obamista que irá à
conferência de mudança climática de Copenhague.
Será liderado por Jim Inhofe
(Oklahoma), que diz que falará
aos enviados de outros países
que, diferentemente do que
possa ser anunciado ali, o Senado americano não tomará nenhuma ação em relação ao tema. Em agosto, o líder da bancada republicana na Câmara,
Eric Cantor, foi a Israel dizer
que não concordava com a crítica de Obama à expansão dos
assentamentos judeus.
Em entrevista ontem em Tegucigalpa, ao lado de Micheletti
e segurando a Constituição
hondurenha nas mãos, Ileana
Ros-Lehtinen dizia: "Este é o
governo legítimo; vou dizer a
meus colegas que venham a
Honduras, [que] não leiam os
jornais, a CNN ou qualquer mídia, que venham aqui se encontrar com o governo legítimo e
ouvir suas aspirações de uma
vida de paz e democracia".
Encontro secreto
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos
(OEA), José Miguel Insulza,
confirmou que manteve na
quarta encontro até então
mantido em sigilo com Micheletti, na base militar de Palmerola, em Honduras.
Amanhã, Insulza encabeça
nova missão de países-membros da OEA a Honduras. Além
do brasileiro Ruy Casaes, comporão a delegação diplomatas
de Argentina, Canadá, Costa
Rica, Equador, El Salvador,
Guatemala, Jamaica, México,
Panamá e República Dominicana, além de representantes
da Espanha e ONU.
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