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TERROR
Iraniano descarta participação de argentinos no atentado de 94 em Buenos Aires
Testemunha acusa Irã no caso Amia
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Um desertor da agência de inteligência iraniana responsabilizou
ontem o governo do Irã pelo atentado à sede da Associação Mutual
Israelita Argentina (Amia), que
matou 85 pessoas em julho de
1994, em Buenos Aires. Ele negou
ter havido conexão local na organização do ataque.
Em depoimento prestado ontem na Embaixada da Argentina
na Alemanha, onde está detido,
Abolghasem Mesbahi disse que o
ataque ocorreu porque Teerã
acreditava que a Amia funcionasse como um centro de operações
do Mossad, serviço de inteligência
israelense, na Argentina.
Segundo Mesbahi, chamado de
"testemunha C", o próprio adido
cultural iraniano em Buenos Aires na época, Moshen Rabbani,
havia alugado a van usada para
transportar os explosivos usados
no atentado. O governo iraniano
nega as acusações.
"É regra que, em operações terroristas, nunca se confia nas pessoas do país escolhido. Não é possível que alguém que vivesse na
Argentina tenha se envolvido no
atentado", disse Mesbahi.
O caso pode sofrer reviravolta
devido ao testemunho de Mesbahi sobre a falta de conexão local.
Isso porque o processo está centrado na investigação sobre supostos responsáveis argentinos.
Mesbahi reiterou a acusação
que já fez no processo, segundo a
qual o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) mandou um "enviado especial" ao Irã para receber US$ 10 milhões, em troca de
evitar que o governo iraniano fosse acusado de participação no
atentado. Mas disse ter recebido
essa informação de uma pessoa
que já morreu -portanto, segundo ele, não é possível dizer se o pagamento foi realizado.
Segundo o jornal "Página/12",
Menem havia proibido, na época,
qualquer avanço nas investigações -que correram sob segredo
de Estado- que pudesse indicar
a participação de países estrangeiros no atentado.
A comunidade judaica argentina -a maior da América Latina- acusou o governo do país,
na época, de não ter se empenhado nas investigações e de ter sabotado provas. Menem nega todas
as acusações.
O principal acusado até agora é
o receptador de carros roubados
Carlos Telleldín, que está detido.
Ele foi o último proprietário da
van usada como carro-bomba no
atentado. Também é investigado
um grupo de policiais da Província de Buenos Aires.
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