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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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TERROR

Iraniano descarta participação de argentinos no atentado de 94 em Buenos Aires

Testemunha acusa Irã no caso Amia

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Um desertor da agência de inteligência iraniana responsabilizou ontem o governo do Irã pelo atentado à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que matou 85 pessoas em julho de 1994, em Buenos Aires. Ele negou ter havido conexão local na organização do ataque.
Em depoimento prestado ontem na Embaixada da Argentina na Alemanha, onde está detido, Abolghasem Mesbahi disse que o ataque ocorreu porque Teerã acreditava que a Amia funcionasse como um centro de operações do Mossad, serviço de inteligência israelense, na Argentina.
Segundo Mesbahi, chamado de "testemunha C", o próprio adido cultural iraniano em Buenos Aires na época, Moshen Rabbani, havia alugado a van usada para transportar os explosivos usados no atentado. O governo iraniano nega as acusações.
"É regra que, em operações terroristas, nunca se confia nas pessoas do país escolhido. Não é possível que alguém que vivesse na Argentina tenha se envolvido no atentado", disse Mesbahi.
O caso pode sofrer reviravolta devido ao testemunho de Mesbahi sobre a falta de conexão local. Isso porque o processo está centrado na investigação sobre supostos responsáveis argentinos.
Mesbahi reiterou a acusação que já fez no processo, segundo a qual o ex-presidente Carlos Menem (1989-99) mandou um "enviado especial" ao Irã para receber US$ 10 milhões, em troca de evitar que o governo iraniano fosse acusado de participação no atentado. Mas disse ter recebido essa informação de uma pessoa que já morreu -portanto, segundo ele, não é possível dizer se o pagamento foi realizado.
Segundo o jornal "Página/12", Menem havia proibido, na época, qualquer avanço nas investigações -que correram sob segredo de Estado- que pudesse indicar a participação de países estrangeiros no atentado.
A comunidade judaica argentina -a maior da América Latina- acusou o governo do país, na época, de não ter se empenhado nas investigações e de ter sabotado provas. Menem nega todas as acusações.
O principal acusado até agora é o receptador de carros roubados Carlos Telleldín, que está detido. Ele foi o último proprietário da van usada como carro-bomba no atentado. Também é investigado um grupo de policiais da Província de Buenos Aires.


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