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GUERRA SEM LIMITES
Detenção de homem árabe que disse ter vindo do Brasil reforça indícios de atividade do terror na região
Suspeito de terrorismo é preso no Uruguai
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A Interpol (polícia internacional) e a DNII (Direção Nacional
de Informação e Inteligência), do
Uruguai, prenderam um homem
árabe suspeito de terrorismo, a
partir da similitude entre seu nome -que não foi divulgado- e o
de um terrorista que consta de
uma lista distribuída internacionalmente pela polícia norte-americana.
Essa prisão pode ser mais um
indício de que existem células terroristas na Tríplice Fronteira (entre Brasil, Paraguai e Argentina),
conforme suspeitas do Departamento de Estado dos EUA.
Tal preocupação foi revelada,
também em Montevidéu, pelo especialista em terrorismo Dorsey
Edward Rowe, coordenador das
políticas de operações especiais
do governo norte-americano, que
encerrou ontem uma conferência
sobre terrorismo.
A Agência Folha tentou obter
detalhes sobre o caso do homem
preso no Uruguai, mas a inteligência uruguaia disse que a Interpol daria mais informações. Na
Interpol, o subdiretor, Rafael Peña, evitou alguns pormenores sobre o caso, tratado com extremo
sigilo.
Além do nome semelhante (há
apenas uma letra de diferença entre o do preso e o da lista), o suspeito -que ficará detido em
Montevidéu por tempo indeterminado e depois deve ser expulso
do país-, segundo a Interpol,
tem semelhança física com o terrorista que consta da lista norte-americana.
A prisão ocorreu no município
de Rivera, que faz divisa com a
brasileira Santana do Livramento
(497 km de Porto Alegre e 500 km
de Montevidéu).
Os uruguaios tomaram as impressões digitais e fotografaram o
preso, que não fala espanhol nem
português -além do árabe, fala
um pouco de inglês- e já foi trasladado a Montevidéu.
Ele foi preso quando chegou a
uma delegacia para dizer que havia perdido seus documentos.
Flagrada a coincidência de nomes, afirmou que estava de passagem pelo Uruguai, vindo do Brasil, e que é egípcio. Apresentou,
então, a fotocópia de um documento de identidade.
Durante entrevista em Montevidéu, Dorsey Rowe afirmou saber que existem organizações terroristas especiais atuando na região. Segundo Rowe, "elas podem
estar buscando um lugar seguro
para planificar suas operações".
O especialista norte-americano
acrescentou, ainda, que não acredita haver atualmente atividade
terrorista no Uruguai, incluindo a
fronteira com o Brasil.
Mesmo assim, em razão das facilidades que a fronteira oferece,
Rowe, que falou a militares uruguaios no Centro de Altos Estudos Nacionais do Uruguai, afirmou: "Não se pode deixar a guarda baixa, porque, em todo o mundo, todas as coisas podem ser um
alvo [do terrorismo]".
E recomendou: o importante é
ter "um bom serviço de informações e inteligência" para estar apto a prevenir possíveis ações terroristas.
Rowe citou também a preocupação em evitar o fluxo de dinheiro para o terrorismo -muitas vezes, ele se origina do contrabando,
do narcotráfico, do tráfico de armas, da lavagem de dinheiro e de
outros delitos típicos do crime organizado transnacional.
Ontem, em razão da prisão efetuada em Livramento, a principal
preocupação das autoridades
uruguaias estava na forma fácil
com que pessoas sem documentos ou com documentos de origem duvidosa entram no país.
As divisas do Uruguai com o
Rio Grande do Sul, pelos municípios de Rivera e Livramento e
Chuy (Uruguai) e Chuí (Brasil)
formam tradicionais redutos de
comunidades árabes.
Ainda que em menor intensidade do que na Tríplice Fronteira, o
local costuma ser monitorado pela Interpol em razão, justamente,
de supostamente servir de trânsito para dinheiro ilícito.
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