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RECOMEÇO
Refugiada acabou no Brasil por engano
Africana achava que Santos fosse Londres
SANDRA SILVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Alguns refugiados que hoje vivem no Brasil vieram para cá
pensando tratar-se de outro
país. Victorine Katjuongua Riwa, 25, pagou US$ 1.500 para
deixar Moçambique e seguir para Londres, no ano passado. Depois de mais de três semanas de
viagem em um barco, acompanhada de seu filho e marido,
Victorine desembarcou no porto de Santos, achando que havia
chegado à capital britânica.
"Eles disseram que ali era Londres e nós acreditamos. A viagem foi horrível e meu filho ficou doente."
Eles foram ajudados por uma
igreja local e decidiram ir para
São Paulo. Hoje, Victorine trabalha em uma lan house na Freguesia do Ó (zona norte da capital paulista), e seu marido é mecânico. "É uma nova vida. É seguro morar aqui", disse.
Victorine nasceu no Burundi
(país vizinho de Ruanda e Tanzânia) e viu vários amigos e parentes serem mortos em uma
guerra civil. Atualmente o governo local tenta desarmar os
rebeldes, após 12 anos de luta e
um saldo de 300 mil mortos.
A possibilidade de continuar
os estudos e crescer profissionalmente longe de guerras ou de
conflitos sociais também motiva
a saída do país de origem. François Pearo Nayangi, 23, saiu do
Congo (ex-Zaire) há três meses
para estudar no Brasil. Ele veio
para São Paulo e sonha em trabalhar na indústria mecânica.
No Congo, trabalhava em uma
loja. Nayangi fala português,
francês e inglês e deixou sua família contente quando decidiu
viajar para tentar uma nova vida
aqui. "Alguns amigos meus estão nos EUA, mas decidi vir para
o Brasil porque é mais barato."
Ele gastou US$ 2.000 com suas
despesas de viagem de avião.
Morou por alguns meses na Casa do Migrante, no Glicério
(centro de SP), e agora mora no
Jardim Japão (zona norte).
Antes de vir para o Brasil, morou também na África do Sul.
Nayangi esperava mais apoio e
oportunidades. "Não gosto de
viver aqui." Em seu país de origem foi iniciado um movimento
de reintegração, após o anúncio
do fim da guerra civil em maio.
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