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Latinos festejam a vitória de Obama e pedem "novas relações" com continente
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
A "onda" Barack Obama atingiu em cheio a América Latina,
região em que vários presidentes procuravam afastamento da
gestão George W. Bush.
Do México à Argentina, o que
se ouviu ontem dos mandatários da região foram odes ao
"triunfo histórico" do democrata e pedidos de "novas relações" no continente.
Mesmo entre governos de
verve à esquerda,como os de
Venezuela, Equador e Bolívia,
sobressaíram cortejos ao futuro presidente e prognósticos de
reaproximação.
O venezuelano Hugo Chávez,
por exemplo, relacionou a
"eleição histórica de um afrodescendente para a cabeça da
nação mais poderosa do mundo" a um "sintoma de que a mudança de época que nasceu a
partir do sul da América poderia estar batendo nas portas dos
EUA". E anunciou: "Chegou a
hora de estabelecer novas relações entre nossos países".
O presidente Evo Morales, da
Bolívia, expulsou nesta semana
a agência antidrogas americana
do país, mas se alinhou ao negro Obama como "setor marginalizado" da sociedade e disse
"estar certo" da melhora no trato bilateral.
O parabéns a Obama da presidente da Argentina, Cristina
Kirchner, ignorou a saia justa
que enfrenta após a Justiça dos
EUA ter concluído nesta semana que sua campanha recebeu
aportes ilegais de Chávez. Ela
classificou a eleição de Obama
como "uma das epopéias mais
apaixonantes da história".
Uribe e o TLC
Do outro lado do espectro
político, como no caso do governo direitista de Álvaro Uribe, na Colômbia, o tom foi de
súplica pela manutenção do
apoio americano no combate às
Farc. "Uma política que tem esse tipo de êxito tem que ser
considerada para não ser abandonada", disse Uribe.
Obama evidenciou reservas
ao colombiano durante a campanha, e o Tratado de Livre Comércio entre os países está travado no Congresso dos EUA
pelos democratas.
O conservador Felipe Calderón, presidente de México, saudou Obama pela vitória e o instou a abrir "uma nova etapa de
progresso" na relação entre vizinhos. Há ansiedade mexicana
em torno de promessas do democrata de renegociar o Nafta
(acordo tripartite que inclui o
Canadá) para incluir proteções
trabalhistas e ambientais.
O secretário da OEA,(Organização dos Estados Americanos), o chileno José Miguel Insulza, cobrou do presidente
eleito dos EUA disposição para
deixar de lado "discursos muito
gerais" sobre a América Latina,
rumo à resolução de "temas
concretos" da região -questões migratória, energética, comercial e de cooperação.
No campo político, a eleição
de Obama aponta para avanços
nos temas mais sensíveis para a
região, afirmou o argentino
Juan Gabriel Tokatlián, diretor
de relações internacionais da
Universidade de San Andrés:
"O triunfo de Obama na Flórida
e o controle democrata do Congresso poderiam terminar com
o embargo econômico de quase
50 anos a Cuba".
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