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Hamas deve ser responsabilizado por ataque a escola, diz analista
DO ENVIADO A SDEROT
Especialista em Oriente Médio, estratégia e comunicação
da Universidade Bar-Ilan, Eitan Gilboa diz em entrevista à
Folha que a culpa pelo ataque à
escola da ONU, com vítimas civis, é do Hamas, que usa mulheres e crianças como escudo.
(MARCELO NINIO)
FOLHA - O ataque a uma escola da
ONU pode aumentar a pressão para
que Israel interrompa a ofensiva?
EITAN GILBOA - Pode aumentar a
pressão, mas ela não vai funcionar, porque desta vez, diferentemente do que ocorreu no Líbano, Israel está determinado a
alcançar seus objetivos. Todos
sabem que esse lugar em particular era usado como uma base
militar e como um depósito de
munição. Aviões israelenses
não pilotados detectaram
membros do Hamas usando a
escola para disparar foguetes,
com mulheres e crianças dentro para se proteger.
Israel precisa explicar direito
que essa não era só uma escola,
que em Gaza uma mesquita não
é uma mesquita e que a Universidade Islâmica deixou de ser
só uma universidade, para virarem bases militares.
FOLHA - O presidente da Universidade Islâmica negou à Folha que lá
houvesse atividade militar, e a ONU
diz ter avisado Israel que a escola
atacada ontem tinha civis.
GILBOA - Isso é absurdo. Essas
escolas estão sendo usadas pelo
Hamas para atacar Israel, há
imagens provando isso. Quem
mantém crianças nessa escola é
que deve ser responsabilizado,
não Israel. Concordo que Israel
tem um enorme desafio para
explicar isso, mas, se o mundo
não entender, paciência. Se o
outro lado não cumpre as regras básicas, Israel não pode ser
culpado.
FOLHA - O sr, diz que não haverá
mais Hamas depois da ofensiva,
mas há um consenso de que é impossível derrubar o regime só com
meios militares.
GILBOA - Por meios militares é
possível derrubar qualquer regime. Em tempos recentes isso
ocorreu em Kosovo, no Iraque,
na Bósnia. Não é preciso eliminar completamente o Hamas,
mas criar condições que o tornem ineficiente como inimigo.
Se o Hamas for enfraquecido o
suficiente para aceitar as condições de Israel ou entrar numa
aliança com o Fatah, tudo bem.
O Hamas não será mais capaz
de ditar as regras do jogo.
FOLHA - Mesmo sem o Hamas, o
sofrimento causado pela ofensiva
aos civis de Gaza não pode se tornar
uma arma contra Israel?
GILBOA - Espero que as pessoas
em Gaza entendam que seu futuro não é com o Hamas. Uma
mudança radical é necessária e
ajudará a ambos os povos.
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