São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Hamas deve ser responsabilizado por ataque a escola, diz analista

DO ENVIADO A SDEROT

Especialista em Oriente Médio, estratégia e comunicação da Universidade Bar-Ilan, Eitan Gilboa diz em entrevista à Folha que a culpa pelo ataque à escola da ONU, com vítimas civis, é do Hamas, que usa mulheres e crianças como escudo. (MARCELO NINIO)

FOLHA - O ataque a uma escola da ONU pode aumentar a pressão para que Israel interrompa a ofensiva?
EITAN GILBOA
- Pode aumentar a pressão, mas ela não vai funcionar, porque desta vez, diferentemente do que ocorreu no Líbano, Israel está determinado a alcançar seus objetivos. Todos sabem que esse lugar em particular era usado como uma base militar e como um depósito de munição. Aviões israelenses não pilotados detectaram membros do Hamas usando a escola para disparar foguetes, com mulheres e crianças dentro para se proteger. Israel precisa explicar direito que essa não era só uma escola, que em Gaza uma mesquita não é uma mesquita e que a Universidade Islâmica deixou de ser só uma universidade, para virarem bases militares.

FOLHA - O presidente da Universidade Islâmica negou à Folha que lá houvesse atividade militar, e a ONU diz ter avisado Israel que a escola atacada ontem tinha civis.
GILBOA
- Isso é absurdo. Essas escolas estão sendo usadas pelo Hamas para atacar Israel, há imagens provando isso. Quem mantém crianças nessa escola é que deve ser responsabilizado, não Israel. Concordo que Israel tem um enorme desafio para explicar isso, mas, se o mundo não entender, paciência. Se o outro lado não cumpre as regras básicas, Israel não pode ser culpado.

FOLHA - O sr, diz que não haverá mais Hamas depois da ofensiva, mas há um consenso de que é impossível derrubar o regime só com meios militares.
GILBOA
- Por meios militares é possível derrubar qualquer regime. Em tempos recentes isso ocorreu em Kosovo, no Iraque, na Bósnia. Não é preciso eliminar completamente o Hamas, mas criar condições que o tornem ineficiente como inimigo.
Se o Hamas for enfraquecido o suficiente para aceitar as condições de Israel ou entrar numa aliança com o Fatah, tudo bem.
O Hamas não será mais capaz de ditar as regras do jogo.

FOLHA - Mesmo sem o Hamas, o sofrimento causado pela ofensiva aos civis de Gaza não pode se tornar uma arma contra Israel?
GILBOA
- Espero que as pessoas em Gaza entendam que seu futuro não é com o Hamas. Uma mudança radical é necessária e ajudará a ambos os povos.


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