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Regime no Irã mantém a cautela apesar de protestos
DO "FINANCIAL TIMES", EM TEERÃ E LONDRES
Desde que Israel lançou sua
ofensiva contra o Hamas na faixa de Gaza, o Irã vem adotando
um discurso desafiador e ruidoso contra o Estado judaico.
Manifestações esporádicas
de "estudantes" ocorrem diante de embaixadas ocidentais e
árabes, e 70 mil se inscreveram
para lançar ataques suicidas
contra Israel. A cobertura da
TV estatal do conflito é tão extensa que a sensação é que o
ataque foi contra solo iraniano.
Publicamente, no entanto, o
regime iraniano tem agido com
cautela. Embora Israel o acuse
de subsidiar o Hamas -e autoridades árabes o acusem de incentivar o grupo palestino-, a
estratégia iraniana é dar a impressão de não estar interferindo diretamente no conflito.
O esforço diplomático iraniano também é moderado.
Como muitos Estados árabes, o país pede o fim da ofensiva israelense. Mas suas ações
diplomáticas se limitam a ligações a líderes árabes e uma visita do secretário do Conselho
Nacional Supremo de Segurança, Saeed Jalili, à Síria e ao Líbano para transmitir a disposição
de agir pelo fim do conflito.
A meta é lustrar as credenciais do Irã diante da campanha
anti-Israel no mundo islâmico.
"Esse nível de propaganda envia aos povos árabes a mensagem de que o Irã é o único país
que se importa com os palestinos", disse um diplomata ocidental de alto nível em Teerã.
Embora o apoio ao Hamas
seja um pilar declarado da política externa do Irã, a relação de
Teerã com o grupo não é tão
forte quanto a mantida com o
Hizbollah, crucial para a política externa iraniana. "O Irã não
dispõe dos canais certos para
contrabandear armas ao Hamas, mesmo que quisesse fazê-lo", diz um diplomata árabe.
Observadores na região dizem que Teerã ficaria profundamente constrangido se o Hamas sofresse um golpe duro.
Mas incentivar o Hizbollah a
abrir uma segunda frente na
guerra envolve o risco de deflagrar um conflito regional.
Com um novo governo prestes a assumir nos EUA e, possivelmente, iniciar um diálogo, o
regime iraniano tem interesse
em manter a discrição.
De qualquer maneira, a visão
que se tem no Irã é que o Hamas não será destruído pela
ofensiva israelense. Enquanto
isso, a guerra em Gaza vale como desculpa útil para reprimir
os críticos no próprio Irã.
Tradução de CLARA ALLAIN
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