São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rússia acena para os EUA com rota ao Afeganistão

DA REDAÇÃO

A Rússia anunciou ontem que permitirá aos EUA transportar suprimentos militares não letais ao Afeganistão pelo seu território. O anúncio foi feito três dias depois de o Quirguistão, ex-república soviética da Ásia Central que é aliada de Moscou, anunciar que os militares americanos não poderão mais usar a base de Manas, em sua capital, Bishkek, como vinham fazendo desde 2001.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmou que Moscou espera apenas que "os parceiros americanos façam uma requisição específica, com a quantidade e a descrição da carga. Quando isso ocorrer, daremos a permissão".
A medida é ao mesmo tempo um aceno da Rússia ao governo Barack Obama e uma mostra de que Moscou pretende usar todas as cartas disponíveis na reaproximação com Washington, incluindo sua influência na Ásia Central. As relações entre EUA e Rússia, já desgastadas por causa do plano americano de instalar bases antimísseis no Leste Europeu, esfriaram após a guerra entre russos e georgianos em agosto de 2008.
Os EUA buscam rotas de suprimento ao Afeganistão que contornem o Paquistão -por onde passam 75% dos mantimentos das tropas americanas e da Otan (aliança militar ocidental)-, onde as condições de segurança deterioraram-se nos últimos meses. Na terça-feira, uma ponte na principal rota afegã-paquistanesa foi destruída em um ataque do grupo fundamentalista Taleban.
Ontem, o Quirguistão disse que o plano de fechar Manas aos americanos é irreversível, apesar de a votação da medida no Parlamento só ocorrer na próxima semana. O veto atrapalha os planos de Obama, que pretende enviar entre 20 mil e 30 mil soldados adicionais ao Afeganistão, o que praticamente dobrará o atual contingente.
O anúncio do fechamento da base, feito na terça em Moscou pelo presidente quirguiz, foi precedido do anúncio de acordo com a Rússia de mais de US$ 2 bilhões em ajuda. O governo diz discordar dos métodos dos EUA no Afeganistão.

Alternativas
Os EUA articulam alternativas à base pela qual passam 15 mil militares americanos e 500 toneladas de suprimentos por ano. Segundo um diplomata ouvido pela Reuters, os EUA estão próximos de reatar relações com o Uzbequistão, que em 2005 também proibiu o país de usar base em seu território. E ontem o Tadjiquistão anunciou que permitirá o tráfego militar não letal por seu espaço aéreo.
O nó logístico para o suprimento das tropas ocidentais no Afeganistão torna a Ásia Central um fator de barganha frente aos EUA tanto para a Rússia quanto para as cinco ex-repúblicas soviéticas da região.
Na Conferência de Segurança de Munique (Alemanha), o vice-premiê russo, Serguei Ivanov, e o secretário-geral da Otan, Jaap Scheffer, afirmaram concordar com a necessidade de cooperação no Afeganistão.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Cuba: Fidel diz que política de Obama "perdeu a virgindade"
Próximo Texto: Teerã elogia Washington em reunião sobre segurança
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.