|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rússia acena para os EUA com rota ao Afeganistão
DA REDAÇÃO
A Rússia anunciou ontem
que permitirá aos EUA transportar suprimentos militares
não letais ao Afeganistão pelo
seu território. O anúncio foi feito três dias depois de o Quirguistão, ex-república soviética
da Ásia Central que é aliada de
Moscou, anunciar que os militares americanos não poderão
mais usar a base de Manas, em
sua capital, Bishkek, como vinham fazendo desde 2001.
O chanceler russo, Serguei
Lavrov, afirmou que Moscou
espera apenas que "os parceiros americanos façam uma requisição específica, com a
quantidade e a descrição da
carga. Quando isso ocorrer, daremos a permissão".
A medida é ao mesmo tempo
um aceno da Rússia ao governo
Barack Obama e uma mostra de
que Moscou pretende usar todas as cartas disponíveis na
reaproximação com Washington, incluindo sua influência na
Ásia Central. As relações entre
EUA e Rússia, já desgastadas
por causa do plano americano
de instalar bases antimísseis no
Leste Europeu, esfriaram após
a guerra entre russos e georgianos em agosto de 2008.
Os EUA buscam rotas de suprimento ao Afeganistão que
contornem o Paquistão -por
onde passam 75% dos mantimentos das tropas americanas
e da Otan (aliança militar ocidental)-, onde as condições de
segurança deterioraram-se nos
últimos meses. Na terça-feira,
uma ponte na principal rota
afegã-paquistanesa foi destruída em um ataque do grupo fundamentalista Taleban.
Ontem, o Quirguistão disse
que o plano de fechar Manas
aos americanos é irreversível,
apesar de a votação da medida
no Parlamento só ocorrer na
próxima semana. O veto atrapalha os planos de Obama, que
pretende enviar entre 20 mil e
30 mil soldados adicionais ao
Afeganistão, o que praticamente dobrará o atual contingente.
O anúncio do fechamento da
base, feito na terça em Moscou
pelo presidente quirguiz, foi
precedido do anúncio de acordo com a Rússia de mais de US$
2 bilhões em ajuda. O governo
diz discordar dos métodos dos
EUA no Afeganistão.
Alternativas
Os EUA articulam alternativas à base pela qual passam 15
mil militares americanos e 500
toneladas de suprimentos por
ano. Segundo um diplomata
ouvido pela Reuters, os EUA
estão próximos de reatar relações com o Uzbequistão, que
em 2005 também proibiu o
país de usar base em seu território. E ontem o Tadjiquistão
anunciou que permitirá o tráfego militar não letal por seu espaço aéreo.
O nó logístico para o suprimento das tropas ocidentais no
Afeganistão torna a Ásia Central um fator de barganha frente aos EUA tanto para a Rússia
quanto para as cinco ex-repúblicas soviéticas da região.
Na Conferência de Segurança de Munique (Alemanha), o
vice-premiê russo, Serguei Ivanov, e o secretário-geral da
Otan, Jaap Scheffer, afirmaram
concordar com a necessidade
de cooperação no Afeganistão.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Cuba: Fidel diz que política de Obama "perdeu a virgindade" Próximo Texto: Teerã elogia Washington em reunião sobre segurança Índice
|