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Teerã elogia Washington em reunião sobre segurança
Enviado do Irã chama de "positiva" nomeação de representante da Casa Branca para Oriente Médio; Biden discursa hoje no evento
DA REDAÇÃO
Em meio às discussões sobre
energia e armas nucleares que
abriram ontem a 45ª Conferência de Segurança de Munique, o
representante do governo iraniano elogiou a decisão de Barack Obama de nomear um
emissário da Casa Branca para
mediar o conflito entre israelenses e palestinos.
"O presidente americano
anunciou que enviaria gente ao
Oriente Médio para ouvir as
pessoas, e não para ditar regras.
É um sinal positivo", disse Ali
Larijani, presidente do Parlamento e ex-negociador-chefe
do programa nuclear iraniano.
Ele se referia à decisão de
Obama de reativar o cargo de
enviado dos EUA para o Oriente Médio, que existia sob a Presidência de Bill Clinton (1993-2001). O escolhido é George
Mitchell, veterano negociador
internacional.
Espera-se que Obama também nomeie um emissário específico para o Irã, mas a medida só deve se concretizar após
as eleições presidenciais iranianas, em junho. A missão
desse enviado seria negociar
com Teerã a suspensão do seu
programa de enriquecimento
de urânio -que o Ocidente afirma ter fins militares, apesar das
negativas iranianas.
Apesar da opinião favorável
sobre a nomeação de Mitchell,
Larijani advertiu que uma distensão entre Teerã e Washington, que cortaram relações há
30 anos, só será possível se a
Casa Branca desistir da política
de "cenouras e varas" - a promessa de incentivos econômicos ao Irã para convencê-lo a
desistir de seu programa nuclear, conjugada à ameaça de
ampliar as sanções caso o país
insista em continuar enriquecendo urânio.
Larijani também criticou a
Casa Branca por adotar uma diplomacia nuclear de "dois pesos e duas medidas": "Não se
pode aceitar que [os EUA] entreguem 200 ogivas nucleares a
Israel e ao mesmo tempo impeçam milhões de muçulmanos
de acessar a energia atômica
com fins pacíficos". Israel é a
única potência nuclear do
Oriente Médio e hoje considera
o Irã seu principal inimigo.
Davos da geopolítica
Hoje, no segundo dia da Conferência de Segurança de Munique, que é uma espécie de encontro de Davos da geopolítica,
falará o vice-presidente dos
EUA, Joe Biden, em sua primeira viagem ao exterior depois da posse, em 20 de janeiro.
As discussões sobre temas
nucleares devem seguir, com os
debates sobre desarmamento
das potências atômicas. Segundo relatos de imprensa, os EUA
preparam uma ambiciosa proposta de desarmamento nuclear à Rússia, que, se bem-sucedida, reduzirá os respectivos
arsenais em 80% (de 5.000 para 1.000 ogivas).
As negociações visam a substituição do Start (acordo de redução de armas estratégicas, na
sigla em inglês), que expira no
dia 5 de dezembro. O pacto foi
assinado em 1991 para reduzir
os artefatos da Guerra Fria.
Outro tema-chave do encontro de Munique é o Afeganistão,
onde rebeldes do Taleban recuperaram áreas inteiras, oito
anos depois de serem varridos
do poder pelos EUA e seus aliados da Otan (aliança militar
ocidental). A Casa Branca pretende aproveitar o encontro
para reforçar o pedido aos europeus para que aumentam
seus contingentes Afeganistão
-atualmente são ao todo 70
mil homens.
Com agências internacionais
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