São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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Teerã elogia Washington em reunião sobre segurança

Enviado do Irã chama de "positiva" nomeação de representante da Casa Branca para Oriente Médio; Biden discursa hoje no evento

DA REDAÇÃO

Em meio às discussões sobre energia e armas nucleares que abriram ontem a 45ª Conferência de Segurança de Munique, o representante do governo iraniano elogiou a decisão de Barack Obama de nomear um emissário da Casa Branca para mediar o conflito entre israelenses e palestinos.
"O presidente americano anunciou que enviaria gente ao Oriente Médio para ouvir as pessoas, e não para ditar regras. É um sinal positivo", disse Ali Larijani, presidente do Parlamento e ex-negociador-chefe do programa nuclear iraniano.
Ele se referia à decisão de Obama de reativar o cargo de enviado dos EUA para o Oriente Médio, que existia sob a Presidência de Bill Clinton (1993-2001). O escolhido é George Mitchell, veterano negociador internacional.
Espera-se que Obama também nomeie um emissário específico para o Irã, mas a medida só deve se concretizar após as eleições presidenciais iranianas, em junho. A missão desse enviado seria negociar com Teerã a suspensão do seu programa de enriquecimento de urânio -que o Ocidente afirma ter fins militares, apesar das negativas iranianas.
Apesar da opinião favorável sobre a nomeação de Mitchell, Larijani advertiu que uma distensão entre Teerã e Washington, que cortaram relações há 30 anos, só será possível se a Casa Branca desistir da política de "cenouras e varas" - a promessa de incentivos econômicos ao Irã para convencê-lo a desistir de seu programa nuclear, conjugada à ameaça de ampliar as sanções caso o país insista em continuar enriquecendo urânio.
Larijani também criticou a Casa Branca por adotar uma diplomacia nuclear de "dois pesos e duas medidas": "Não se pode aceitar que [os EUA] entreguem 200 ogivas nucleares a Israel e ao mesmo tempo impeçam milhões de muçulmanos de acessar a energia atômica com fins pacíficos". Israel é a única potência nuclear do Oriente Médio e hoje considera o Irã seu principal inimigo.

Davos da geopolítica
Hoje, no segundo dia da Conferência de Segurança de Munique, que é uma espécie de encontro de Davos da geopolítica, falará o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, em sua primeira viagem ao exterior depois da posse, em 20 de janeiro.
As discussões sobre temas nucleares devem seguir, com os debates sobre desarmamento das potências atômicas. Segundo relatos de imprensa, os EUA preparam uma ambiciosa proposta de desarmamento nuclear à Rússia, que, se bem-sucedida, reduzirá os respectivos arsenais em 80% (de 5.000 para 1.000 ogivas).
As negociações visam a substituição do Start (acordo de redução de armas estratégicas, na sigla em inglês), que expira no dia 5 de dezembro. O pacto foi assinado em 1991 para reduzir os artefatos da Guerra Fria.
Outro tema-chave do encontro de Munique é o Afeganistão, onde rebeldes do Taleban recuperaram áreas inteiras, oito anos depois de serem varridos do poder pelos EUA e seus aliados da Otan (aliança militar ocidental). A Casa Branca pretende aproveitar o encontro para reforçar o pedido aos europeus para que aumentam seus contingentes Afeganistão -atualmente são ao todo 70 mil homens.

Com agências internacionais


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